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Publicado em 4 de julho de 2025 às 09h10.
A arrecadação de taxas dos Estados Unidos disparou para US$ 24,2 bilhões em maio, quase quatro vezes o valor registrado no mesmo mês do ano anterior. Esse foi o primeiro mês completo em que a cobrança global de 10% entrou em vigor, gerando um aumento de mais de 25% em relação a abril, mesmo com o volume total de importações dos EUA praticamente estável.
Os dados, apurados pelo Financial Times, mostraram que o aumento na arrecadação pode ser importante aos cofres do governo americano, principalmente após a aprovação do Congresso pelo polêmico pacote de impostos e gastos de Trump. Chamado de “One Big Beautiful Bill”, o projeto mantém grandes cortes tributários e reduz gastos em saúde pública, o que projeta um aumento de US$ 3,4 trilhões no déficit federal na próxima década.
Apesar do crescimento, especialistas alertam para outros tipos de danos que os dados revelaram. As importações americanas vindas da China recuaram 21% em relação a abril e 43% na comparação anual, sinalizando o impacto das cobranças sobre o fluxo global de comércio, segundo a reportagem.
No início do ano, Trump chegou a impor impostos de até 145% sobre produtos chineses, reduzindo para 30% após negociações com autoridades chinesas em Londres e Genebra. Essa escalada levou as importações americanas vindas da China, destinadas ao consumo interno, ao menor nível em 19 anos.
Trump afirma que as taxas são parte de seu esforço para trazer a indústria de volta aos Estados Unidos e gerar recursos para o país, prometendo que as medidas tornarão os EUA “muito ricos”. Ele também defendeu que a receita vinda dessas cobranças pode diminuir a dependência do imposto de renda. Ainda assim, apesar do salto na arrecadação, o valor coletado em maio respondeu por apenas 7,7% do déficit federal no período, que somou US$ 316 bilhões, de acordo com o jornal.
A média das taxas sobre produtos chineses já bateu 48%, enquanto setores como aço e automóveis enfrentam tarifas de até 50%.
Nesta sexta-feira, 4, Trump anunciou que irá começar o envio de cartas a países que ainda não sinalizaram um acordo com os EUA, impondo taxas unilaterais de até 70% - cinco dias antes do prazo final estabelecido pelo próprio presidente.
Análises do Yale Budget Lab indicam que, se as cobranças vigentes até 16 de junho permanecerem, mesmo sem aumento previsto para julho, a taxa efetiva deve se estabilizar em torno de 15%, considerando mudanças no comportamento dos consumidores.