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Reino Unido, Canadá e Austrália reconhecem Estado da Palestina

A decisão ocorre em meio a crescente pressão internacional por uma solução de dois Estados para o conflito entre Israel e Palestina

Palestina: países reconhecem Estado e pressionam pelo fim da guerra (Omar AL-QATTAA /AFP)

Palestina: países reconhecem Estado e pressionam pelo fim da guerra (Omar AL-QATTAA /AFP)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 21 de setembro de 2025 às 10h35.

Última atualização em 21 de setembro de 2025 às 10h55.

O Reino Unido, o Canadá e a Austrália anunciaram neste domingo, 21, o reconhecimento oficial do Estado da Palestina. A decisão ocorre em meio à crescente pressão internacional por uma solução de dois Estados para o conflito entre Israel e Palestina.

Espera-se que outros países sigam o mesmo caminho durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, nesta semana.

Ao todo, mais de 140 membros da Organização das Nações Unidas já reconhecem a Palestina, em um gesto que reforça a pressão diplomática sobre Israel.

A mudança de postura desses países marca uma mudança significativa na política externa de longa data entre os governos ocidentais e um reflexo da crescente insatisfação global com Israel após quase dois anos de guerra em Gaza.

Canadá: construção de um 'futuro pacífico'

O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, afirmou (leia o comunicado oficial, em inglês) que o país agora reconhece formalmente a Palestina e se coloca como parceiro na construção de um futuro pacífico para israelenses e palestinos.

“O Canadá reconhece o Estado da Palestina e oferece nossa parceria na construção da promessa de um futuro pacífico tanto para o Estado da Palestina quanto para o Estado de Israel”, disse Carney em comunicado.

Segundo o premier canadense, a Autoridade Palestina apresentou compromissos diretos com Ottawa, incluindo reformas na governança, a realização de eleições gerais em 2026 – nas quais o grupo Hamas não poderá participar – e a desmilitarização do futuro Estado palestino.

“Reconhecer o Estado da Palestina, liderado pela Autoridade Palestina, fortalece aqueles que buscam a coexistência pacífica e o fim do Hamas. Isso de forma alguma legitima o terrorismo, nem representa qualquer recompensa por ele”, afirmou Carney.

Reino Unido: Israel não cumpriu condições essenciais

O primeiro-ministro britânico Keir Starmer anunciou a decisão do Reino Unido (leia o comunicado oficial, em inglês), argumentando que Israel não cumpriu condições essenciais, incluindo a manutenção de um cessar-fogo na guerra de quase dois anos em Gaza.

“Hoje, para reviver a esperança de paz para palestinos e israelenses, e a solução de dois Estados, o Reino Unido reconhece formalmente o Estado da Palestina”, disse Starmer em mensagem publicada na rede X.

A decisão britânica tem peso importante, considerando que Londres teve papel central na criação de Israel após a Segunda Guerra Mundial e é historicamente um de seus principais aliados.

Husam Zomlot, chefe da Missão Palestina em Londres, classificou o anúncio como “um reconhecimento há muito esperado” e destacou que ele representa “um passo irreversível em direção à justiça, à paz e à correção de erros históricos”.

O movimento de reconhecimento também coloca Starmer em rota de colisão com os Estados Unidos. Em julho, o governo britânico havia dado um ultimato a Israel, afirmando que reconheceria a Palestina caso fossem tomadas medidas para encerrar a “situação deplorável” em Gaza.

Desde então, a situação se agravou, com novos ataques e o avanço do plano de assentamentos israelenses, segundo observadores locais.

Austrália: compromisso duradouro para dois Estados

Em declaração conjunta do primeiro-ministro Anthony Albanese e da ministra das Relações Exteriores Penny Wong, a Austrália também reconheceu o Estado palestino.

“A Austrália reconhece as aspirações legítimas e de longa data do povo palestino por um Estado próprio”, disseram os dois, segundo ABC .

“O ato de reconhecimento de hoje reflete o compromisso duradouro da Austrália com a solução de dois Estados, que sempre foi o único caminho para uma paz e segurança duradouras para os povos israelense e palestino.”

Segundo o comunicado, o país seguirá trabalhando com seus parceiros internacionais para ajudar a ampliar o ato de reconhecimento de hoje e "aproximar o Oriente Médio da paz e segurança duradouras que são a esperança — e o direito — de toda a humanidade".

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