Pessoas se reúnem em frente à pintura da Mona Lisa, em 4 de janeiro de 1914, em Paris, França, após a obra ter sido roubada do Museu do Louvre por Vincenzo Peruggia em 1911 (Getty Images).
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Publicado em 19 de outubro de 2025 às 12h43.
Última atualização em 19 de outubro de 2025 às 13h25.
Neste domingo, 19, o Museu do Louvre foi roubado em uma ação rápida, que durou apenas sete minutos, levou itens de "valor inimaginável", segundo autoridades francesas.
Além desse caso, o local em Paris já foi cenário de diversos roubos e incidentes envolvendo algumas das obras mais valiosas da história da arte. Entre eles, o roubo da Mona Lisa, em 1911, se destaca como um dos mais memoráveis, porque transformou a pintura de Leonardo da Vinci em um símbolo cultural universal e alterou sua percepção pelo público.
Em 21 de agosto de 1911, Vincenzo Peruggia, um italiano e ex-vidraceiro do Louvre, conseguiu furtar a Mona Lisa da Sala Carré. Ele mesmo havia instalado a porta de vidro que protegia a obra. O homem ainda tinha o uniforme branco que os empregados do museu usavam e sabia como a pintura estava presa.
Disfarçado de funcionário, Peruggia escondeu-se no museu durante a noite e retirou o quadro na segunda-feira, dia em que o local fica fechado, passando despercebido pelos seguranças. A ausência da Mona Lisa só foi notada na terça-feira. A partir disso, a polícia começou uma investigação e o museu permaneceu fechado durante uma semana em meio às buscas.
A obra permaneceu desaparecida até 10 de dezembro de 1913, quando Peruggia tentou vendê-la em Florença, na Itália, levando à sua prisão e à recuperação da Mona Lisa. O episódio expôs falhas de segurança no Louvre e também projetou a Mona Lisa para a fama global.
O impacto cultural do roubo foi profundo. Antes de 1911, a pintura já era admirada, mas após o incidente, tornou-se um ícone reconhecido mundialmente e a 'pintura mais famosa do mundo', inspirando literatura, cinema, mídia e cultura pop.
A cobertura midiática intensa durante o período em que a obra esteve desaparecida projetou a obra de Leonardo da Vinci para o status de celebridade global.
Imagens da pintura apareceram em noticiários, postais, chocolates e anúncios, e multidões começaram a visitar o Louvre apenas para ver o espaço vazio que antes abrigava a obra.
Após sua captura, Peruggia alegou que sua motivação era patriótica. Isso porque, ele pensou que Napoleão havia roubado a pintura da Itália e que sua missão era levá-la de volta para o país. Na verdade, Mona Lisa foi comprada e pertencia ao rei francês Francisco I, no século 16.
Antes disso, o museu já exibia outras peças de destaque, como a Vênus de Milo, Liberdade Guiando o Povo de Delacroix e A Balsa de Medusa de Géricault, mas nenhuma conquistou fama comparável à da Mona Lisa.
O crime também levou o Museu do Louvre a reforçar significativamente suas medidas de segurança, incluindo a instalação de grades, vigilância reforçada e, eventualmente, proteção em vidro à prova de balas para suas obras mais valiosas.
Após o roubo de 1911, a Mona Lisa continuou a ser alvo de ataques:
1956: sobreviveu a dois ataques, um com uma lâmina de barbear e outro quando um homem boliviano jogou uma pedra contra o vidro de proteção. Os danos foram mínimos;
1974: durante uma exposição em Tóquio, uma mulher tentou vandalizar a pintura com tinta spray vermelha, mas o vidro de proteção impediu qualquer dano;
2009: uma russa lançou uma xícara de chá contra o vidro em protesto político; novamente, a obra permaneceu intacta;
2022 e 2024: protestos ambientais tentaram atingir a pintura com bolo e sopa, respectivamente, mas o vidro à prova de balas protegeu a obra.
O Museu do Louvre, além da Mona Lisa, já sofreu perdas e tentativas de roubo de outras obras e artefatos de valor:
Segunda Guerra Mundial: durante a ocupação nazista, muitas obras foram evacuadas por Jacques Jaujard, mas algumas foram saqueadas. Após a guerra, elas foram recuperadas e identificadas como “MNR” (Musées Nationaux Récupération);
1971: o quadro The Wave, de Gustave Courbet, foi roubado por ladrões profissionais e nunca recuperado;
1983: tentativa de roubo de Liberty Leading the People, de Eugène Delacroix, foi frustrada. No mesmo ano, peças de armadura renascentista doada pela família Rothschild foram furtadas, sendo recuperadas apenas em 2021;
Desaparecimento de pinturas de Chardin: obras do século XVIII sumiram em circunstâncias pouco claras, permanecendo um mistério.
Apesar dos ocorridos, o Louvre permanece como o museu mais visitado do mundo, atraindo milhões de visitantes diariamente e preservando séculos de patrimônio cultural.