Adriana Kugler: renúncia ao cargo de diretora no banco central americano (Drew Angerer/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 2 de agosto de 2025 às 13h26.
De forma repentina e surpreendente, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ganhou a chance de preencher mais cedo do que o esperado uma vaga no Federal Reserve (Fed) após a diretora (governadora) do banco central americano Adriana Kugler anunciar sua renúncia. Isso também pode levar Trump a escolher o próximo presidente do Fed meses antes do que ele esperava. Trump disse ontem que o presidente do Fed, Jerome Powell, deveria seguir os passos de Kugler e renunciar.
“Powell deveria renunciar, assim como Adriana Kugler, indicada por Biden, renunciou. Ela sabia que ele estava fazendo a coisa errada em relação às taxas de juros. Ele também deveria renunciar”, disse Trump ontem em sua rede social.
A saída de Kugler ocorre em meio a uma pressão pública sem precedentes da Casa Branca sobre o banco central em relação à política monetária, com Trump lançando insultos pessoais frequentes ao presidente do Fed, por não promover a redução da taxa básica de juros no país. O pedido de demissão cria uma oportunidade imediata para Trump instalar imediatamente no Fed um diretor que possa atuar por taxas mais baixas. O mandato de Kugler só terminaria em janeiro de 2026.
O diretor do Conselho Econômico Nacional, Kevin Hassett, o ex-governador do Fed Kevin Warsh, o atual governador Christopher Waller e o Secretário do Tesouro, Scott Bessent, estão entre os nomes cotados para comandar o Fed no lugar de Powell.
Trump disse a repórteres na sexta-feira que está "muito feliz" por ter uma vaga aberta no conselho do Fed e que acredita que Kugler decidiu renunciar porque "discordava" de Powell sobre a política de fixação de juros. As posições públicas de Kugler sobre os custos dos empréstimos estão intimamente alinhadas com as de Powell.
Esta semana, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Fed — que define os juros e é composto por sete governadores e cinco presidentes de bancos de reserva regionais — votou por 9 a 2 para manter os juros inalterados. Os dois votos contrários — os primeiros desde 1993 — vieram de dois funcionários nomeados por Trump durante seu primeiro mandato. Kugler não participou da reunião do FOMC. Na ocasião, o Fed informou que sua ausência se deu por “motivo pessoal”.
A carta de renúncia de Kugler não especifica o motivo da saída. Ela nunca se manifestou publicamente contra Powell em relação à política de juros. Em 17 de julho, Kugler afirmou que, com a inflação de bens em alta e o mercado de trabalho estável, o Fed deveria manter as taxas de juros no nível atual “por algum tempo”.
“Foi uma honra imensa servir no Conselho de Governadores do Federal Reserve”, escreveu Kugler em carta de renúncia endereçada a Trump. “Sinto-me especialmente honrada por ter atuado em um momento crucial, contribuindo para cumprir nosso duplo mandato de conter a inflação e manter um mercado de trabalho forte e resiliente.”
Kugler, que integra o conselho de governadores do Fed desde setembro de 2023, foi a primeira hispânica a ocupar esse cargo na instituição. Sua nomeação atendeu a um apelo de longa data dos democratas por mais diversidade no alto escalão do banco central.
Antes de ingressar no Fed, a economista colombiana-americana foi representante dos EUA no Banco Mundial e atuou como economista-chefe do Departamento do Trabalho durante o governo Barack Obama.
A renúncia de Kugler será efetiva a partir de 8 de agosto, informou o Fed. Ela retornará ao seu cargo de professora na Universidade de Georgetown.