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Saiba quem foi Leão XIII, o Papa que apoiou o fim da escravidão no Brasil

Pontífice governou a Igreja de 1878 até sua morte, em 1903

 (Vaticano News/Divulgação)

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Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 8 de maio de 2025 às 18h00.

Última atualização em 8 de maio de 2025 às 18h12.

No final do século 19, o papado de Leão XIII, um dos pontífices mais influentes da história recente da Igreja Católica, se destacou pelo seu forte compromisso com os desafios do mundo moderno.

Nascido Vincenzo Gioacchino Pecci em 1810, o Papa Leão XIII governou a Igreja de 1878 até sua morte, em 1903.

Seu papado foi marcado por profundas transformações, impulsionadas pela Revolução Industrial, pelos avanços da ciência e pela crescente urbanização, que exigiram um novo posicionamento da Igreja em relação às questões sociais, políticas e econômicas.

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Segundo a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), um dos maiores legados do pontífice foi a publicação da encíclica Rerum Novarum, em 1891, que estabeleceu as bases da Doutrina Social da Igreja.

Neste documento, o Papa reconheceu a importância do trabalho humano e a necessidade de garantir aos trabalhadores condições dignas, um salário justo e o direito à organização sindical.

Além disso, defendeu a propriedade privada e a livre iniciativa, condenando tanto os excessos do capitalismo quanto os princípios do socialismo, que ganhavam força na época — o equilíbrio entre justiça social e liberdade econômica fez com que Leão XIII fosse conhecido como o “Papa dos Trabalhadores”.

A Rerum Novarum também foi uma resposta ao crescente secularismo e às ideias positivistas que ganhavam terreno na Europa.

O Papa Leão XIII acreditava que a Igreja deveria ser um agente de transformação social, sem se isolar do mundo moderno. Para ele, o diálogo com a ciência e a filosofia não significava abandonar os princípios da fé, mas integrar ambos em uma busca pela verdade universal.

Ainda segundo a CNBB, outro aspecto marcante de seu pontificado foi a ênfase na devoção ao Espírito Santo.

Atendendo aos insistentes apelos de Elena Guerra — conhecida como “Apóstola do Espírito Santo” —, o Papa escreveu, em 1897, a encíclica Divinum Illud Munus, a primeira da Igreja dedicada exclusivamente à pessoa e missão do Espírito Santo.

O documento instituiu oficialmente a novena de preparação para a Festa de Pentecostes, incentivando a oração, o culto e a reflexão sobre a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade.

Leão XIII também foi responsável por divulgar a Ladainha do Espírito Santo — oração que ainda é recitada por fiéis em todo o mundo.

Um dos gestos mais simbólicos de seu pontificado ocorreu na noite de 31 de dezembro de 1899, na passagem do século 19 para o 20.

Durante uma solene celebração eucarística, o pontífice entoou o hino Veni Creator Spiritus e consagrou o século 20 ao Espírito Santo — um ato que, para muitos, antecipou eventos decisivos na vida da Igreja, como o Concílio Vaticano II e o surgimento da Renovação Carismática Católica.

Leão XIII também foi um defensor do fim da escravidão no Brasil. Em 5 de maio de 1888, às vésperas da assinatura da Lei Áurea, o pontífice enviou uma mensagem clara e inédita ao país: a escravidão precisava ser abolida.

Habilidades diplomáticas

O Papa Leão XIII também se destacou por suas habilidades diplomáticas. Após a perda dos Estados Pontifícios em 1870, quando o território vaticano foi incorporado ao recém-unificado Reino da Itália, o pontífice se empenhou em recuperar a influência da Santa Sé no cenário europeu e mundial.

Dessa forma, Leão XIII reabriu canais diplomáticos com diversas nações, buscando afirmar a independência e a autoridade moral da Igreja, mesmo sem um território próprio.

A escolha do nome "Leão" foi um símbolo da coragem e firmeza com que Leão XIII enfrentou os desafios de seu tempo. No entanto, essa escolha de nome não se limitou a ele.

Ao longo da história, vários papas adotaram o nome de Leão, como uma forma de sinalizar a continuidade de sua força espiritual e sua liderança moral. Um exemplo disso é o caso de Robert Provest, o primeiro Papa dos Estados Unidos, que adotou o nome de Leão XIV.

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