Mundo

Santos vincula diálogo de paz com ELN ao fim dos sequestros

O anúncio chega um dia depois da confirmação de que o ELN trocou um refém doente pelo seu irmão saudável


	Soldados do Exército de Libertação Nacional: "É inconcebível que este grupo, em vez de dar exemplos concretos de paz, insista no sequestro"
 (Carlos Villalon/Getty Images)

Soldados do Exército de Libertação Nacional: "É inconcebível que este grupo, em vez de dar exemplos concretos de paz, insista no sequestro" (Carlos Villalon/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2016 às 19h58.

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, reiterou nesta sexta-feira que os diálogos de paz com o Exército de Libertação Nacional (ELN, guevaristas) não começarão enquanto a guerrilha prosseguir recorrendo ao sequestro.

O anúncio chega um dia depois da confirmação de que o ELN trocou um refém doente pelo seu irmão saudável.

"Não vamos iniciar a fase pública da negociação, prevista para acontecer no Equador, até que este grupo renuncie ao sequestro e devolva os reféns que tem em seu poder", disse Santos em um breve discurso na Casa de Nariño, em Bogotá.

O governo colombiano e o ELN anunciaram no último dia 30 de março a transição para uma fase pública de negociações de paz, após dois anos de conversas informais. Já nessa ocasião, Santos exigiu a libertação de todos os sequestrados para dar início formal à mesa de negociações.

"É inconcebível que este grupo, em vez de dar exemplos concretos de paz, insista no sequestro", acrescentou o presidente.

Na quinta-feira, Patrocinio Sánchez, ex-governador do departamento de Chocó, libertado pelo ELN no dia 3 de abril após quase três anos de cativeiro, revelou que a guerrilha o deixou ir em troca de que seu irmão ficasse no seu lugar.

O governo afirma desconhecer o número exato de reféns que permanecem nas mãos do ELN, a segunda guerrilha do país depois das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

As Farc se encontram na reta final de um processo de paz com o governo, que se estende há mais de três anos em Havana.

Santos pediu também ao ELN que renuncie aos ataques contra a infraestrutura, como o registrado nesta sexta-feira no oleoduto Caño Limón, que liga o nordeste do país com o noroeste.

Estes ataques causam "intensos danos ao meio ambiente, algo que tanto dizem se preocupar", afirmou Santos. O presidente disse ainda que já "é hora de que a vontade [de paz] do ELN se traduza em ações".

Os mais de 50 anos de conflito colombiano - que começou com uma rebelião camponesa na década de 1960 e envolveu guerrilhas de esquerda, paramilitares de direita, membros da força pública e grupos de narcotraficantes - deixaram 260 mil mortos, 45 mil desaparecidos e 6,8 milhões de deslocados.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaColômbiaNegociaçõesSequestros

Mais de Mundo

EUA anuncia medidas contra projetos chineses da Rota da Seda nas Américas após adesão da Colômbia

Peru anuncia criação de 'rota turística' do papa Leão XIV

'As ideias que Pepe plantou todos esses anos não morrem’, diz Lula no velório de Mujica

Inflação no Brasil vai cair conforme China exportar mais produtos para cá, diz estudo