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Secretário dos EUA sugere energia de Itaipu para IA, em meio a impasse entre Paraguai e Brasil

'Se alguém for esperto, vai até o Paraguai e vai instalar uma fábrica de IA lá', diz Marco Rubio em audiência no Senado dos EUA. Negociações sobre base financeira da usina estão suspensas

Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, sugere uso do excedente de energia de Itaipu para desenvolver IA (Nathan Howard/AFP)

Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, sugere uso do excedente de energia de Itaipu para desenvolver IA (Nathan Howard/AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 21 de maio de 2025 às 10h21.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou na terça-feira, 20, que a energia excedente da hidrelétrica de Itaipu poderia ser usada para o desenvolvimento de tecnologias de inteligência artificial (IA), tecnologia que avança no mundo e que tem na oferta energética um de seus principais gargalos.

Brasil e Paraguai tinham um acordo para que a energia excedente Itaipu correpondente à parcela paraguaia fosse vendida ao mercado brasileiro. Esse acordo vigorou por 50 anos, mas expirou em 2023, e os dois países negociam o que fazer com esse excedente.

- Se alguém for esperto, vai até o Paraguai e vai instalar uma fábrica de IA lá - afirmou Rubio em audiência da Comissão de Relações Exteriores no Senado dos EUA ontem.

Ao responder uma pergunta do senador republicano John Curtis, de Utah, ele disse que o planeta não produz energia suficiente para a demanda dos países e que isso abre espaço para oportunidades estratégicas.

De um lado, disse, há nações que podem entregar energia de forma eficiente e em volume suficiente. Para essas nações, há uma grande oportunidade para "serem líderes no campo da IA". Mas , por outro lado, isso vai colocar pressão nos outros países que precisam de recursos energéticos, afirmou.

- Então temos que ter conversas sobre não apenas qual é o nosso papel (dos EUA) na energia como também como investimos e fazemos parcerias com países que têm suprimento de energia - acrescentou Rubio.

Em seguida, ele cita o caso paraguaio como exemplo:

- O Paraguai tem um acordo de longo prazo com o Brasil pelo qual ele vende 50% da energia produzida. Esse contrato expirou e estão tentando ver o que fazem com esses 50% que não vão mais para o Brasil. Você não consegue colocar essa energia em taques e enviar para outros países

A geração de energia da usina de Itaipu, que fica na fronteira entre Brasil e Paraguai, é dividida: 50% para cada país. Historicamente, porém, o Paraguai usa menos que esse percentual e vende a sobra para o Brasil.

Com o fim do prazo do contrato, um novo acordo foi feito entre o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o presidente paraguaio Santiago Peña, em 2024.

Ele prevê reajustes nas tarifas e também que, a partir de 2027, o Paraguai poderá vender sua cota de energia de Itaipu diretamente para a indústria brasileira no mercado livre.

Até 2023, o Paraguai só podia vender a energia para o mercado regulado, ou seja, para as distribuidoras.

O acordo também previa negociações sobre o chamado Anexo C, que rege as bases financeiras da usina. Mas essas conversas foram suspensas em abril, depois de notícias sobre uma suposta espionagem do governo paraguaio feita pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

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