Repórter
Publicado em 31 de outubro de 2025 às 14h29.
O governo talibã promoveu, nesta sexta-feira, 31, uma reunião preparatória com o intuito de discutir o futuro do Afeganistão na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em Belém. Durante o encontro, o grupo terrorista pediu a participação nas discussões marcadas para novembro, apesar de seu isolamento diplomático.
Desde que os talibãs retornaram ao poder em agosto de 2021, o Afeganistão se encontra praticamente isolado do resto do mundo, o que limitou sua presença em eventos internacionais e dificultou o acesso a recursos financeiros.
“O Afeganistão é gravemente afetado pelas mudanças climáticas e suas consequências, e a comunidade internacional não deve politizar as questões ambientais”, afirmou Matiul Haq Khalis, diretor-geral da Agência Nacional de Proteção Ambiental do Afeganistão (NEPA), uma das organizadoras do evento junto à ONG The Liaison Office (TLO), especializada em questões climáticas, segundo a agência EFE.
Khalis também ressaltou que os participantes da reunião preparatória “devem compartilhar opiniões, ouvir os outros e fornecer informações sobre o que é necessário e o que deve ser feito, para que nossa voz na COP30 seja unificada”.
A União Europeia esteve presente no evento com sua delegação informando, por meio da rede social X (antigo Twitter), o compromisso do bloco com a resiliência climática e com o apoio ao país no enfrentamento das consequências das mudanças climáticas sobre os meios de subsistência e o deslocamento forçado.
Benjamin Weiss, chefe da Seção Política da UE em Cabul, declarou que “a UE se concentra no apoio direto às comunidades do Afeganistão. A UE trabalha com várias organizações para garantir que sua ajuda chegue ao povo afegão”.
Após essa reunião, o Afeganistão planeja enviar uma delegação à COP30, que ocorrerá no início de novembro em Belém.
O Afeganistão, um país devastado por décadas de conflitos, é um dos menos preparados para lidar com as mudanças climáticas e uma das nações mais vulneráveis aos desastres naturais, como secas e inundações, que ocorrem com cada vez maior frequência.
Em Cabul, essa vulnerabilidade é visível por meio de uma crise hídrica, provocada por secas prolongada, que diminuíram drasticamente os níveis dos aquíferos subterrâneos. A situação se intensificou pela exploração excessiva dos poços, pela escassez de chuvas e pela gestão ineficiente dos recursos hídricos.
Muitos afegãos enfrentam sérias dificuldades para acessar água potável. Diversos poços secaram, forçando as famílias a percorrer longas distâncias ou esperar por horas para encher seus recipientes nos poucos poços que ainda estão em funcionamento.
Com essa realidade cada vez mais difícil, cresce o descontentamento da população em relação ao governo talibã, acusado de omissão diante de uma crise que só se agrava a cada ano.
(Com informações da agência EFE)