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Tarifas ao Brasil deixaram café 20% mais caro nos EUA, dizem senadores

Rand Paul e Tim Kaine dizem que medida de Trump é, na prática, um imposto para os americanos

Rand Paul, senador republicano os EUA, no Congresso americano (Anna Moneymaker/AFP)

Rand Paul, senador republicano os EUA, no Congresso americano (Anna Moneymaker/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 29 de outubro de 2025 às 15h23.

Dois senadores americanos, Rand Paul (republicano) e Tim Kaine (democrata), publicaram um artigo no jornal The Washington Post, no qual defendem o fim das tarifas de importação ao Brasil e dizem que o presidente Donald Trump está cometendo "abuso de poder" ao criá-las.

"Simplesmente não há racionalidade econômica para as tarifas sobre importações brasileiras, um país com quem os EUA têm um superávit comercial de longo prazo", dizem os dois, no texto publicado nesta quarta-feira, 29.

"As tarifas ao Brasil já estão levando os preços do café a subirem mais de 20%, enquanto as tarifas a mercadorias do Canadá vão aumentar o custo dos carros e de materiais de construção", afirmam.

"Com um sinal de alerta vermelho na economia americana sobre a alta de custos e a queda no sentimento dos consumidores, esta é a última coisa de que os consumidores e negócios americanos precisam", dizem.

"Tarifas são impostos sobre importações pagos pelos consumidores americanos. O Congresso, e não o presidente, tem a autoridade constitucional para impor impostos. Tarifas elevadas sobre parceiros comerciais próximos, como o Brasil e o Canadá, são abusos imprudentes do poder presidencial que empobrecerão os americanos", afirmam.

No artigo, eles dizem ainda que haverá novas votações no Senado sobre tarifas nos próximos dias. Nesta quarta, deve ser analisado um projeto de lei contra as tarifas impostas pelo Canadá e, nos próximos dias, outro projeto sobre o aumento das tarifas dos EUA a todos os países.

Na noite de terça, 28, um projeto de lei contra as tarifas ao Brasil foi aprovado, por 52 votos a 48. A medida ainda precisa passar pela Câmara, que está paralisada por conta do shutdown do governo, e ser sancionada por Trump para entrar em vigor. Como o próprio Trump impôs a tarifa, a chance de confirmação da medida é improvável.

Entenda a crise entre EUA e Brasil

A crise entre os dois países veio após Trump, em agosto, aumentar as taxas de importação sobre o Brasil, que chegaram a 50%, e impor sanções a autoridades brasileiras, como o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Ao impor a taxa, Trump exigiu que o Brasil retirasse os processos na Justiça contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Moraes foi sancionado por conduzir o processo contra o ex-presidente, condenado em setembro por tentativa de golpe de Estado.

Por semanas, o governo americano se recusou a negociar com as autoridades brasileiras. O clima mudou após um encontro entre Lula e Trump na ONU, em setembro. Desde então, os dois presidentes falaram diversas vezes que houve "química" entre eles, o que teria aberto as conversas entre os dois governos.

No último domingo, 26, Lula e Trump se reuniram na Malásia e afirmaram que há espaço para acordos para reduzir a tarifa de 50%.

"Tive uma ótima reunião com o presidente Trump. Discutimos, de forma franca e construtiva, a agenda comercial e econômica bilateral. Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções contra as autoridades brasileiras", disse Lula, após o encontro, que durou cerca de 45 minutos.

"Acho que seremos capazes de fazer alguns acordos muito bons que temos conversado, e acho que ao final teremos um relacionamento muito bom", disse Trump. "Eles podem oferecer muito e nós podemos oferecer muito."

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