As tarifas comerciais impostas pelo presidente Donald Trump, conhecidas como as tarifas do "Dia da Libertação", fazem parte de uma estratégia agressiva para reequilibrar as relações comerciais dos Estados Unidos com o restante do mundo.
Anunciadas no início de 2025, essas medidas incluem impostos elevados sobre uma série de produtos importados, com o objetivo de aumentar a receita do governo, corrigir desequilíbrios comerciais e fortalecer a economia americana.
No entanto, as tarifas também geraram uma série de negociações e ajustes, com acordos importantes, como o que Trump firmou com a China para adiar a implementação de algumas dessas tarifas por 90 dias, dando tempo para um acordo mais abrangente entre as duas potências.
Confira abaixo as tarifas de Trump:
Tarifas já impostas
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Tarifa de 25% sobre o aço e alumínio importados
Em vigor desde março, essa tarifa de 25% foi aplicada a todo aço e alumínio importado. No entanto, uma negociação com o Reino Unido resultou em uma redução nas tarifas sobre aço, alumínio e carros britânicos, em troca da compra de US$ 10 bilhões em aviões da Boeing.
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Tarifa de 25% sobre produtos do México e Canadá
Anunciada inicialmente em fevereiro, a tarifa de 25% visava combater o tráfico de drogas e fortalecer o controle de fronteira. Ela entrou em vigor após um mês de adiamento. Produtos com cadeias de suprimento mais complexas, como carros e peças de automóveis, foram isentos. Além disso, as importações de energia do Canadá sofreram uma tarifa reduzida de 10%.
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Tarifa de 10% sobre a maioria das importações
Em vigor desde abril, essa tarifa de 10% afeta a maioria dos países. Muitas empresas já anunciaram aumento de preços devido às tarifas ou pela antecipação delas. Por exemplo, fabricantes de bicicletas elétricas começaram a adicionar uma "taxa de tarifa" de 10% aos preços, esperando que a produção se torne mais cara.
Tarifas adiadas
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Tarifas "recíprocas" em pausa a té 9 de julho
Algumas das maiores mudanças anunciadas em 2 de abril envolviam tarifas adicionais para mais de uma centena de países, incluindo uma tarifa extra de 49% para o Camboja e 46% para o Vietnã. Essas tarifas foram suspensas por 90 dias até 9 de julho, enquanto o presidente Trump negocia acordos com outros países para possivelmente reduzir essas taxas.
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Tarifas sobre a China reduzidas por 90 Dias
Após um intenso período de negociações, os EUA e a China chegaram a um acordo para reduzir significativamente as tarifas sobre produtos de ambos os países. A tarifa de 145% dos EUA sobre os bens chineses foi reduzida para 30%, enquanto a tarifa da China sobre os bens americanos caiu de 125% para 10%. A medida visa reduzir o impacto de preços sobre produtos como brinquedos e peças de veículos.
Outras tarifas possíveis
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Madeira
Em 1º de março, Trump ordenou uma investigação sobre as importações de madeira nos EUA para verificar se essas importações representam uma ameaça à segurança nacional. Caso seja identificado risco, tarifas poderão ser impostas para mitigar esse problema.
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Álcool
Como resposta a um plano da União Europeia de impor tarifas sobre o uísque americano, Trump sugeriu, em 13 de março, que os EUA impusessem uma tarifa de 200% sobre vinhos, champanhes e outros produtos alcoólicos provenientes da UE.
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Produtos Farmacêuticos
Em abril, Trump anunciou que imporia tarifas em produtos farmacêuticos importados com níveis "que você nunca viu antes" e que essas medidas seriam anunciadas em breve. Não há detalhes específicos sobre quais produtos seriam afetados ou quando as tarifas seriam aplicadas.
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Semicondutores
Trump também mencionou, em 13 de abril, que tarifas sobre semicondutores seriam implementadas em breve. O objetivo é incentivar a produção nacional de chips e outras tecnologias nos EUA, visando diminuir a dependência de importações.
Como as tarifas podem afetar o Brasil?
As tarifas comerciais impostas pelo governo Trump que afetam diretamente o Brasil incluem:
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Tarifa recíproca de 10% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos. Essa tarifa é a menor taxa aplicada entre os países-alvo do pacote tarifário.
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Tarifa de 25% sobre o aço e alumínio importados pelos EUA, que atinge também as exportações brasileiras desses metais desde março de 2025.
Essas tarifas têm os seguintes efeitos sobre o Brasil:
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Aumento no custo dos produtos brasileiros nos Estados Unidos, o que pode reduzir a competitividade dos produtos brasileiros e diminuir as exportações para o país, que é o segundo maior parceiro comercial do Brasil.
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Exigência de maior qualidade nos produtos brasileiros para manter a demanda no mercado americano, uma vez que o custo mais alto pode afetar a escolha dos consumidores e empresas.
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Maior concorrência no mercado interno brasileiro, já que países como China, União Europeia e Japão, impactados por tarifas mais altas, podem redirecionar seus excedentes para o Brasil. Isso pode pressionar setores industriais locais, como siderurgia, têxtil, calçadista, alumínio e máquinas agrícolas.
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Aumento da incerteza econômica global e desaceleração da economia mundial, o que pode afetar negativamente o crescimento econômico brasileiro, uma vez que a recessão global tende a reduzir a demanda por exportações.
Apesar dos desafios impostos por essas tarifas, há também a possibilidade de que, a médio e longo prazo, o Brasil se beneficie com o aumento da sua relevância econômica no comércio internacional, à medida que outros mercados busquem alternativas às tarifas mais altas impostas aos seus produtos.