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Tarifas recíprocas não terão exceções e Trump ainda decidirá modelo, diz Casa Branca

Porta-voz disse que novas taxas serão anunciadas em evento grandioso na quarta-feira

O presidente dos EUA, Donald Trump (Saul Loeb/AFP)

O presidente dos EUA, Donald Trump (Saul Loeb/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 31 de março de 2025 às 16h28.

Última atualização em 31 de março de 2025 às 16h59.

As tarifas recíprocas dos Estados Unidos contra outros países não terão exceções, mas o modelo em que elas serão aplicadas ainda será definido pelo presidente Donald Trump, disse a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, na tarde desta segunda, 31.

Trump promete anunciar nesta quarta-feira, 2 de abril, um grande pacote de tarifas de importação, em um evento apelidado de Liberation Day, ou “Dia da Libertação”. A expectativa tem afetado os mercados neste começo de semana, pelo temor de que possa gerar inflação e aumentar o risco de uma recessão nos EUA.

As medidas poderão afetar todos os países e produtos importados pelo país. Trump promete agir de forma firme, mas em outras ocasiões suspendeu ou adiou tarifas recém-implantadas após negociações com outros países.

Perguntada sobre o tema, Leavitt disse que "não haverá exceções desta vez. A meta para quarta-feira são tarifas baseadas nos países, mas certamente tarifas setoriais". Ela complementou que a decisão final sobre o tema ainda será tomada por Trump.

Leavitt destacou ainda que as novas tarifas serão anunciadas em um grande evento no jardim da Casa Branca, com a presença de todos os secretários de Trump. Este será o primeiro evento do novo governo no Rose Garden.

"O presidente anunciará um plano de tarifas que reverterá as práticas comerciais injustas que têm explorado este país por décadas. Ele está fazendo isso em prol do trabalhador americano", afirmou.

A porta-voz elencou alguns exemplos do que chamou de práticas injustas, como taxas de 50% da União Europeia sobre laticínios americanos, de 700% do Japão sobre arroz americano e de 100% da Índia sobre produtos agrícolas americanos. "Isso torna praticamente impossível que produtos americanos sejam importados para esses mercados. Isso tirou muitos americanos dos negócios e os deixou sem emprego ao longo de várias décadas", disse.

Entenda as tarifas de Trump

Desde que tomou posse, Trump anunciou várias rodadas de tarifas, sobre países e produtos específicos. Entre os atingidos, estão Canadá, México e China, além de aço e alumínio.

Trump anunciou, em 13 de fevereiro, que iria taxar, de forma recíproca, outros países que impõem tarifas de importação aos produtos americanos. De maneira simples: se o Brasil impõe tarifa de, digamos, 10% sobre um motor que vem dos EUA para o Brasil, os americanos também vão cobrar 10% de motores enviados do Brasil aos EUA. Ele encomendou estudos sobre o tema aos seus subordinados e disse que anunciaria as novas taxas no dia 2 de abril

Efeitos para o Brasil das tarifas de Trump

Em 2024, o Brasil exportou US$ 40 bilhões em produtos aos Estados Unidos. Os principais itens exportados pelo Brasil para os EUA no ano passado foram óleos brutos de petróleo, produtos semiacabados de ferro ou aço, aeronaves e suas partes e café não torrado.

Em um texto divulgado para justificar o plano, em fevereiro, a Casa Branca citou o etanol do Brasil. "A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. No entanto, o Brasil cobra uma tarifa de 18% sobre as exportações de etanol dos EUA. Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil".

O Brasil cobra impostos e taxas variadas, a depender do produto e da origem. Como regra geral, o país impõe um imposto de importação (II), baseado na Tarifa Externa Comum do Mercosul (TEC), cuja alíquota varia de 0 a 20%.

A TEC não é aplicada a produtos tratados por outros acordos e resoluções, como veículos automotivos, autopeças, brinquedos e de informática. Além disso, os produtos podem ser sujeitos a IPI, PIS, Cofins e medidas compensatórias.

O que Trump espera com as tarifas recíprocas?

Trump tem dito que outros países têm se aproveitado do cenário atual para tirar vantagem dos Estados Unidos. Ele diz que as tarifas vão mudar isso e reduzir o déficit comercial que o país tem com o exterior.

Ele também defende que as tarifas farão mais empresas e indústrias passarem a produzir nos EUA, o que aumentaria o volume de empregos no país. Além disso, o republicano espera que as novas taxas ajudem a aumentar a arrecadação do governo.

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