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Trump afirma que China 'violou totalmente' acordo comercial com os EUA

Países haviam concordado em pausar tarifas mútuas no início do mês

Em discurso na Casa Branca no início desta semana, Trump se mostrou defensivo ( Jim WATSON /AFP)

Em discurso na Casa Branca no início desta semana, Trump se mostrou defensivo ( Jim WATSON /AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 30 de maio de 2025 às 12h02.

O presidente dos EUA, Donald Trump, acusou a China de violar o acordo com os EUA para reduzir tarifas comerciais mútuas por 90 dias, aumentando as tensões entre as duas maiores economias do mundo. Desde o início do ano, os países vêm travando um embate comercial que levou ambos a elevarem para mais de 100% as alíquotas contra as importações um do outro.

"A China, talvez sem surpresa para alguns, VIOLOU TOTALMENTE SEU ACORDO CONOSCO. Adeus ao papel de BONZINHO!", escreveu Trump em seu perfil no Truth Social nesta sexta-feira.

O presidente não especificou de que forma a China não estaria cumprindo o acordo negociado no início deste mês, na Suíça. Na época, ambos os países anunciaram que iriam reduzir as tarifas retaliatórias e continuar com as negociações comerciais.

O Representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, sugeriu em entrevista à CNBC que a China vinha agindo de forma lenta, afirmando que o governo tem estado "muito focado em monitorar a conformidade — ou, neste caso, a não conformidade — da China com o acordo". Um dos aspectos da decisão previa que a China suspendesse alguns controles de exportação e diminuísse suas restrições à venda de minerais e ímãs essenciais

No entanto, uma das principais preocupações do governo americano quanto a um não cumprimento das medidas eram os minerais críticos.

— Não vimos o fluxo de alguns desses minerais críticos como deveria estar acontecendo — disse Greer, acrescentando:

— A China continua, vocês sabem, a desacelerar e restringir coisas como minerais críticos e ímãs de terras raras.

O Ministério das Relações Exteriores da China não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Os EUA haviam aumentado as tarifas sobre as importações chinesas para 145% no início deste ano, enquanto a China revidou com taxas que chegaram a 125%.

Ambos os países concordaram em reduzir essas tarifas no acordo firmado no início do mês, o qual animou investidores, que esperavam que Pequim e Washington encontrassem uma saída para a disputa tarifária. O embate abalou os mercados e ameaçava desencadear uma desaceleração global. Apesar do acordo, desde então, as tensões entre EUA e China voltaram a crescer.

O governo Trump anunciou que começaria a revogar alguns vistos de estudantes chineses, medida que Pequim classificou como "discriminatória". Além disso, autoridades do governo promoveram novas restrições à venda de softwares de design de chips.

O The New York Times informou que autoridades proibiram a exportação de peças e tecnologias críticas de motores a jato dos EUA para a China.

Os comentários de Trump também surgem um dia após o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, declarar que as negociações comerciais com a China estavam em andamento, mas haviam "estagnado". Bessent sugeriu que uma ligação entre Trump e seu homólogo chinês, Xi Jinping, poderia ser necessária para romper o impasse.

— Acredito que, dada a magnitude das conversas, dada a complexidade, será necessário que os dois líderes se envolvam diretamente — afirmou Bessent em entrevista à Fox News.

A última vez que os dois presidentes conversaram foi em janeiro, antes da posse de Trump. O presidente dos EUA disse que falaria com o líder chinês "talvez no final da semana", após as negociações de Genebra — que se concluíram em meados de maio —, mas essa ligação aparentemente não aconteceu.

A postagem de Trump teve como pano de fundo dias turbulentos de audiências judiciais que trouxeram dúvidas legais sobre sua capacidade de aplicar tarifas altas sobre a China. Contudo, Greer rejeitou a afirmação de que uma derrota precoce havia prejudicado as negociações dos EUA, apesar de ter dito ao tribunal apenas alguns dias antes que uma decisão desfavorável prejudicaria os esforços diplomáticos.

— Todos os outros países com os quais estou lidando em negociações estão tratando isso apenas como uma espécie de obstáculo no caminho, e não como uma mudança fundamental — disse Greer.

— Portanto, estou bastante confiante em relação à questão e, se o caso for o contrário, também temos outras ferramentas.

Em discurso na Casa Branca no início desta semana, Trump se mostrou defensivo quando lhe perguntaram se ele havia “se acovardado” em suas ameaças tarifárias. Ele disse que estava ciente de que as taxas tarifárias que havia imposto à China eram muito altas e que isso fazia parte de uma estratégia mais ampla para forçar os chineses a negociar.

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