Donald Trump: presidente disse nas redes sociais que os impostos digitais “foram todas projetadas para prejudicar ou discriminar a tecnologia americana” (Mandel Ngan/AFP)
Redatora
Publicado em 26 de agosto de 2025 às 06h35.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou impor novas tarifas e restrições à exportação de tecnologia avançada e semicondutores como retaliação a tributos sobre serviços digitais aplicados por outros países a empresas americanas de tecnologia.
Em publicação nas redes sociais, Trump afirmou que essas medidas “foram todas projetadas para prejudicar ou discriminar a tecnologia americana” e “dão passe livre às maiores companhias de tecnologia da China”.
O presidente disse ainda que, caso tais ações não sejam retiradas, pretende impor tarifas adicionais substanciais sobre as exportações desses países aos EUA e instituir restrições relacionadas a tecnologia e chips.
A ameaça reacende a incerteza sobre as tarifas aplicadas a parceiros comerciais dos EUA. No início do mês, Trump já havia anunciado tarifas específicas para dezenas de países e prometido novos encargos sobre diversas importações. Na semana passada, afirmou que móveis importados também seriam alvo de novas taxas.
O presidente americano sustenta há anos que tributos digitais discriminam empresas dos EUA, como Amazon, Alphabet (controladora do Google) e Meta (dona do Instagram).
Washington também vem ampliando restrições de exportação de tecnologias consideradas críticas para a segurança nacional ou econômica, incluindo chips avançados produzidos por companhias como a Nvidia para inteligência artificial.
O aviso ocorre uma semana após EUA e União Europeia (UE) divulgarem comunicado conjunto em que se comprometeram a “lidar com barreiras comerciais injustificadas” e a “não impor tarifas sobre transmissões eletrônicas”. O bloco europeu também confirmou que não adotará taxas de uso de rede.
Apesar disso, a UE reiterou em documento que não se comprometeu a alterar suas regulações digitais, deixando o tema como possível instrumento de negociação futura, enquanto busca isenção tarifária para vinhos e destilados.
A Comissão Europeia enfatizou que não estão em discussão mudanças no Digital Markets Act e no Digital Services Act — legislações que estabelecem regras para grandes plataformas digitais e serviços online no bloco.
Mais cedo neste ano, o Canadá desistiu de implementar uma taxa digital poucas horas antes de sua entrada em vigor, após Trump suspender negociações comerciais com o país.
Outros países, como o Reino Unido, mantêm a cobrança de 2% sobre receitas de mecanismos de busca, redes sociais e marketplaces.
A discussão ocorre em paralelo aos trabalhos da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que busca um acordo global para substituir impostos digitais por um pacto internacional sobre a tributação dos lucros de multinacionais. Essa iniciativa, porém, também enfrenta resistência nos EUA, que poderiam perder parte dos direitos de arrecadação.