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Trump anuncia acordo comercial com Reino Unido em meio à guerra tarifária

Acordo reduzirá as tarifas alfandegárias sobre automóveis e aço britânicos, mas manterá uma taxação básica de 10% sobre os produtos britânicos

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 8 de maio de 2025 às 16h44.

Última atualização em 8 de maio de 2025 às 16h53.

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O presidente americano, Donald Trump, anunciou, nesta quinta-feira, 8, um acordo comercial com o Reino Unido, o primeiro do tipo desde o início da guerra tarifária que sacudiu o mundo.

Durante um telefonema no Salão Oval da Casa Branca com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, Trump disse que o pacto seria o primeiro de muitos com outros países.

O acordo reduzirá as tarifas alfandegárias sobre automóveis e aço britânicos, mas manterá uma taxação básica de 10% sobre os produtos do Reino Unido.

Em troca, o Reino Unido abrirá seus mercados para a carne bovina e os produtos agrícolas americanos, apesar das dúvidas dos consumidores sobre sua qualidade.

"Estou feliz por anunciar que alcançamos um acordo comercial inovador com o Reino Unido", disse Trump na Casa Branca.

"Inclui bilhões de dólares de um maior acesso ao mercado para as exportações americanas, especialmente na agricultura", acrescentou.

É um dia "fantástico e histórico", avaliou Starmer, ressaltando que coincide com o 80º aniversário do "Dia da Vitória" das forças aliadas sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.

"Trata-se de uma redução enorme e importante", disse o premiê britânico durante visita a uma fábrica da Jaguar Land Rover na região central de Midlands, na Inglaterra.

As duas partes admitiram que terão que continuar negociando para alcançar um acordo mais completo, mas Trump negou ter superestimado o que foi conseguido.

"Este é um acordo no limite", respondeu o republicano a um jornalista que lhe perguntou se não estava exagerando.

A reação dos Estados Unidos ao anunciar tal acordo ainda vago "revela um desejo cada vez mais desesperado (por parte do governo Trump) de reverter as tarifas antes que elas afetem o crescimento e a inflação", comentou Paul Ashworth, analista da Capital Economics.

Starmer visitou a Casa Branca em fevereiro com um convite do rei Charles III para uma histórica segunda visita de Estado de Trump, em uma ofensiva diplomática que parece ter frutificado.

Mais negociações

Um funcionário do governo britânico comparou o acordo a um "documento de condições gerais", que estabelecerá tratados, mas também um marco sobre o qual será preciso seguir negociando.

Concentra-se em setores específicos, ao invés de ser um acordo de livre comércio abrangente, como o que o Reino Unido pretende após sua saída da União Europeia em 2020, disse o funcionário que pediu o anonimato.

Além de abordar as tarifas sobre aço e automóveis, estabeleceria posições para as negociações sobre possíveis tarifas alfandegárias futuras no setor farmacêutico, que é estratégico.

"Haverá mais negociações no futuro", acrescentou a fonte.

Um acordo com os Estados Unidos é uma nova vitória para Starmer, depois que o Reino Unido alcançou esta semana um acordo de livre comércio com a Índia, o maior deste tipo desde que deixou a União Europeia.

Trump descreveu o líder britânico como um negociador obstinado após a visita deste último a Washington, em fevereiro.

Em abril, o presidente aplicou tarifas alfandegárias de 10% sobre as importações de todo o mundo, incluindo o Reino Unido, mas congelou temporariamente as tarifas mais altas para dezenas de países para dar margem a negociações.

A indústria cinematográfica, um dos principais produtos de exportação britânico no setor de serviços, também está na mira de Trump.

Londres ainda não adotou represálias às tarifas americanas. Tinha muito interesse em chegar a algum tipo de acordo com Washington antes da cúpula entre a União Europeia e o Reino Unido, em 19 de maio, prevista para estreitar os laços com o bloco de 27 países.

A UE luta para alcançar seu próprio acordo comercial com os Estados Unidos.

Nesta quinta, Bruxelas propôs impor tarifas aos aviões e automóveis americanos caso as negociações fracassem.

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