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Trump anuncia acordo entre Israel e Hamas e diz que paz em Gaza 'está próxima'

Acordo prevê cessar-fogo, libertação de reféns e saída gradual de tropas israelenses

Agência o Globo
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Publicado em 9 de outubro de 2025 às 07h03.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou ontem que Israel e o grupo Hamas aceitaram os termos da primeira fase do plano de paz divulgado pela Casa Branca na semana passada, dando início a um processo que pode garantir o fim da guerra em Gaza, que já dura dois anos.

Negociado por três dias no Egito e confirmado pelas partes, o acordo prevê o fim dos combates, o retorno dos 48 reféns a Israel, a libertação de prisioneiros palestinos, o recuo das tropas israelenses para uma zona acordada e a retomada da entrada de ajuda humanitária no enclave. A assinatura está prevista para esta quinta-feira, e Trump poderá visitar a região no dia seguinte.

Fim dos combates em Gaza

Durante o anúncio, não ficou claro se o cessar-fogo será imediato após a assinatura, nem se haverá um prazo de duração pré-estabelecido. Um dos pontos ainda indefinidos é o desarmamento do Hamas. De acordo com o New York Times, o grupo poderia aceitar um desarmamento parcial, exigindo em troca uma garantia de Trump de que Israel não retomará a guerra.

O plano da Casa Branca prevê que o Hamas entregue todas as armas, mas suas lideranças afirmam que isso está fora de cogitação. “O Hamas pode estar disposto a abrir mão de algumas armas, mas não ficará sem elas completamente”, disse ao jornal o oficial aposentado da Inteligência israelense Adi Rotem, que participou de negociações com o grupo até 2024.

O Hamas também exige a retirada total das tropas israelenses do enclave, mas o plano de Trump prevê apenas uma saída gradual, para uma área ainda indefinida. A proposta argumenta que a medida visa garantir a segurança de Israel. Assim, a presença militar israelense em Gaza não tem data para terminar.

Libertação de reféns e prisioneiros

O acordo prevê a devolução de todos os 48 reféns — vivos e mortos —, mas há dúvidas sobre a capacidade do Hamas de cumprir a meta, já que muitos corpos estão sob os escombros. Fontes israelenses disseram à CNN que o grupo pode não conseguir devolver os restos mortais de ao menos 15 reféns mortos desde outubro de 2023.

Em entrevista à Fox News, Trump afirmou que os reféns serão libertados na próxima segunda-feira. “Este é um progresso importante e significativo para o retorno de todos”, declarou o Fórum de Famílias de Reféns e Desaparecidos, em comunicado que agradece o esforço do presidente americano.

O Hamas também entregou uma lista de 250 presos condenados à prisão perpétua e 1,7 mil detidos em Gaza desde o início da guerra. Segundo a Reuters, os nomes de Marwan Barghouti e Ahmad Sa’adat, presos desde 2002, estão incluídos, mas dificilmente serão libertados por Israel.

Ajuda humanitária e papel da ONU

Ainda não há cronograma definido para a entrada de ajuda humanitária em Gaza. Segundo a CNN, a ONU apoiará “a implementação total” do cessar-fogo e do acordo de reféns. O secretário-geral, António Guterres, afirmou que a entidade “aumentará a entrega de ajuda sustentada e baseada em princípios”.

Fontes citadas pela BBC indicam que Israel permitirá a entrada de 400 caminhões de suprimentos por dia durante os cinco primeiros dias, número que deve aumentar nas etapas seguintes. Nenhuma das partes, porém, confirmou oficialmente a informação.

Futuro de Gaza e próximas fases

As próximas etapas do plano de paz ainda não têm prazo definido. A reconstrução e a futura administração de Gaza permanecem em aberto, mas Trump afirmou que os EUA ajudarão o território e criarão um “conselho de paz”, que seria “muito poderoso”. O órgão contaria com a liderança do próprio presidente americano e do ex-premiê britânico Tony Blair.

A proposta prevê que Gaza seja administrada inicialmente por palestinos sem ligação com o Hamas ou pela Autoridade Nacional Palestina (ANP), sob supervisão internacional. O objetivo é criar uma zona econômica especial, atrair investimentos e permitir que a população “construa uma Gaza melhor”.

Trump descartou a ideia anterior de realocar moradores de Gaza para outros países e defende que “ninguém será forçado a deixar o território”. Segundo o plano, os Estados Unidos e parceiros regionais devem formar uma Força Internacional de Estabilização para garantir a segurança local e treinar as forças policiais palestinas.

Reações e negociações no Egito

As negociações acontecem em Sharm el-Sheikh, no Egito. “Tenho muito orgulho em anunciar que Israel e o Hamas assinaram a primeira fase do nosso Plano de Paz”, escreveu Trump na Truth Social, classificando o acordo como um “grande dia para o mundo árabe, para Israel e para os Estados Unidos”.

O Hamas confirmou o acordo em publicação no Telegram, pedindo que Trump e os demais mediadores “pressionem o governo de ocupação a implementar o que foi acordado”. Já o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que este é um “grande dia para Israel” e agradeceu o apoio de Trump.

O governo do Catar, um dos mediadores, também confirmou o acerto e disse que “os detalhes serão anunciados posteriormente”.

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