Venezuela: Trump teria autorizado operação secreta da CIA (Pedro Mattey/AFP)
Redatora
Publicado em 15 de outubro de 2025 às 18h12.
A administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, autorizou a Agência Central de Inteligência (CIA), órgão de espionagem e atuação no exterior, a agir na Venezuela, em uma campanha para desestabilizar o presidente Nicolás Maduro, segundo noticiou nesta quarta-feira, 15, o jornal The New York Times.
Após a notícia, Trump disse, em coletiva a jornalistas, que também que considera atacar em terra cartéis da Venezuela.
A declaração, e a informação sobre operações secretas no país sul-americano, ocorrem após o acirramento das relações entre EUA e Venezuela, e de uma série de ataques americanos em alto-mar contra supostas lanchas do narcotráfico venezuelano.
"Certamente estamos pensando agora na terra, porque já temos bem sob controle o mar", disse Trump no Salão Oval, em resposta a uma pergunta da imprensa sobre a possibilidade de realizar ataques em terra.
Ainda segundo o New York Times, o governo Trump considera autorizar também bombardeios e ataques aéreos diretamente em território venezuelano, o que configuraria uma declaração de guerra. A constituição americana prevê que o poder de declarar guerra é exclusivo do Congresso, o que exigiria apoio de ambos os partidos dos EUA para que ocorresse.
Segundo o jornal, a nova autorização permitiria que a CIA realizasse operações letais no país latino-americano e conduzisse uma série de investigações no Caribe. O país americano conta com 10 mil soldados, oito navios de guerra e um submarino mobilizados na região do Caribe.
Essa autorização, pontua o jornal norte-americano, é o passo mais recente na campanha de pressão crescente do governo Trump contra a Venezuela.
Há semanas, o exército dos EUA tem como alvo barcos na costa venezuelana que estariam transportando drogas, matando 27 pessoas. Autoridades americanas afirmaram para o jornal que o objetivo final da operação é tirar o Nicolás Maduro do poder.
A autorização de do governo Trump permitiria a agência realizar ações encobertas contra ou seu governo, seja unilateralmente ou em conjunto com uma operação militar maior. O jornal ainda afirma que essa estratégia foi desenvolvida pelo Secretário de Estado Marco Rubio com ajuda de John Ratcliffe, diretor da CIA.
Neste mês, Trump anunciou o fim das conversas diplomáticas com a Venezuela após Maduro se recusar a deixar voluntariamente seu cargo. O presidente venezuelano, por sua vez, diz se preparar para um cenário de conflito e acusa os EUA de "imperialismo".
Em um comunicado ao Congresso no final do mês passado, Trump disse que os cartéis que contrabandeiam drogas eram “grupos armados não estatais” cujas ações “constituem um ataque armado contra os Estados Unidos.”
O governo Trump diz que Maduro é o chefe do suposto Cartel de los Soles e sustenta que o presidente venezuelano teria ligações com a facção Tren de Aragua, hipóteses não confirmadas. Os Estados Unidos também ofereceram 50 milhões de dólares por informações que levem à prisão e condenação de por acusações de tráfico de drogas nos EUA segundo o jornal.