Trump e Maduro: EUA realizam operações no Caribe em meio à escalada das tensões diplomáticas (BRENDAN SMIALOWSKI/AFP)
Redação Exame
Publicado em 1 de dezembro de 2025 às 06h53.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou no domingo, 30, que conversou por telefone com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em meio ao aumento da tensão entre Washington e Caracas.
A Casa Branca afirma que Maduro lidera um suposto cartel de drogas. Os EUA mantém, desde agosto, uma operação antidrogas no Caribe que mobiliza inclusive o maior porta-aviões do mundo.
Questionado por jornalistas a bordo do Air Force One sobre a informação publicada pelo The New York Times, Trump respondeu que não comentaria o conteúdo da conversa, mas reconheceu que ela ocorreu. Ele afirmou apenas que não foi “boa nem ruim”.
A declaração veio após o senador americano Markwayne Mullin dizer à CNN que Washington propôs a Maduro deixar o país, com opções como Rússia ou outras nações.
Maduro, por sua vez, acusa o governo americano de usar o combate ao narcotráfico como pretexto para derrubá-lo e assumir o controle das reservas de petróleo venezuelanas.
Em evento com convidados russos, o líder venezuelano disse que o país é “indestrutível, intocável, invencível” e que se prepara para um dos “melhores Natais” no setor de turismo.
Em carta divulgada no próprio domingo, Maduro pediu apoio da Organização dos Países Exportadores de Petróleo para conter o que chamou de “agressão” dos EUA.
O texto, lido pela vice-presidente Delcy Rodríguez em reunião ministerial da Opep, afirma que uma ação militar dos americanos colocaria em risco a estabilidade da produção venezuelana e o equilíbrio do mercado energético global.
Trump não ameaçou publicamente usar a força contra o governo Maduro, mas afirmou recentemente que medidas para conter o narcotráfico “por terra” começariam “muito em breve”.
No sábado, Trump declarou que o espaço aéreo da Venezuela deveria ser considerado “fechado em sua totalidade”. A advertência veio uma semana após Washington emitir um alerta às companhias aéreas sobre a intensificação da atividade militar na região. Caracas chamou a fala de “ameaça colonialista”.
A Venezuela revogou as licenças de seis companhias aéreas que haviam suspendido voos. A medida também levou à interrupção de um programa de repatriação de venezuelanos deportados dos EUA. Ao mesmo tempo, o governo Maduro anunciou uma operação especial para o retorno de cidadãos retidos em outros países e para facilitar saídas de quem precisa deixar o território venezuelano.
Desde setembro, forças dos EUA atacaram quase 20 embarcações suspeitas de narcotráfico no Caribe e no Pacífico, com ao menos 83 mortes. Caracas classifica as ações como “execuções extrajudiciais” e pediu investigação da ONU.
*Com informações da AFP