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Trump diz que quer resposta da Ucrânia sobre plano de paz até quinta-feira

Zelensky afirma que enfrenta uma "escolha muito difícil" em relação ao plano de 28 pontos da Casa Branca, que concederia vantagens à Rússia

Guerra na Ucrânia: encontro de Trump e Zelensky na Casa Branca, em Washington (EUA), em agosto.  (Mandel Ngan/AFP)

Guerra na Ucrânia: encontro de Trump e Zelensky na Casa Branca, em Washington (EUA), em agosto. (Mandel Ngan/AFP)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 21 de novembro de 2025 às 15h41.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que deseja que a Ucrânia aceite um acordo amplo que ele propôs para encerrar o conflito com a Rússia até a próxima quinta-feira, 27, dando a Kiev menos de uma semana para decidir se concorda com uma proposta que incluiria concessões significativas à Rússia.

Em entrevista ao canal Fox News, Trump disse que, para os EUA, "quinta-feira é um momento apropriado" para que a Ucrânia tome uma decisão sobre o plano. "Estamos nisso por um único motivo. Queremos que a matança pare", acrescentou. Ele ainda sugeriu que o prazo poderia ser estendido "se as coisas estiverem indo bem".

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reconheceu nesta sexta-feira que seu país está enfrentando um dos maiores desafios de sua história, diante do plano elaborado pelo governo Trump para terminar a guerra, que já dura quase quatro anos. "Este é um dos momentos mais difíceis da nossa história", disse Zelensky em um pronunciamento em vídeo. Ele alertou que a Ucrânia pode estar diante de uma escolha difícil: "perder a dignidade ou correr o risco de perder um parceiro fundamental".

O que está em jogo para a Ucrânia?

O plano proposto pelos Estados Unidos inclui várias concessões territoriais, limitações no tamanho das forças armadas ucranianas e outras disposições que Zelensky já havia rejeitado anteriormente, segundo informações do Wall Street Journal. O governo Trump busca aumentar a pressão sobre Zelensky, que enfrenta tensões políticas internas e novos desafios militares. A Rússia continua avançando no leste da Ucrânia, e os ataques ao sistema energético ucraniano têm deixado grande parte do país com eletricidade limitada a algumas horas por dia.

O governo de Donald Trump dispõe de várias ferramentas para aumentar a pressão sobre a Ucrânia, como cortar a assistência de inteligência ou o fornecimento de armas. Zelensky, por sua vez, se reuniu por telefone com os líderes da França, Reino Unido e Alemanha para discutir propostas de paz. Em sua fala, ele reafirmou que não daria "ao inimigo motivos para dizer que a Ucrânia não quer a paz", destacando a importância da solidariedade europeia. "A Ucrânia é agora o único escudo que separa a vida confortável na Europa dos planos de Putin", disse Zelensky.

O plano proposto pelos EUA, com 28 pontos, exige que a Ucrânia ceda territórios à Rússia e aceite o controle efetivo de Moscou sobre outras partes do território ucraniano, onde a linha de frente seria bloqueada. O tamanho do exército ucraniano seria limitado a 600 mil soldados, e sua adesão à OTAN seria encerrada. Além disso, o plano propõe que Kiev realize eleições em 100 dias. Muitos desses pontos atendem a demandas de longa data do presidente russo Vladimir Putin, como a retirada da Ucrânia de territórios ocupados por suas forças.

Cautela com a Rússia

Além do plano de 28 pontos, os Estados Unidos propuseram garantias de segurança para a Ucrânia caso a Rússia retome a guerra, incluindo assistência logística e de inteligência. No entanto, o documento não compromete os EUA a fornecer assistência militar direta. Essas garantias seriam válidas por 10 anos, com possibilidade de prorrogação.

A maioria dos ucranianos continua amplamente contrária a concessões territoriais, segundo uma pesquisa realizada em outubro pelo Instituto Internacional de Sociologia de Kiev. O levantamento mostra que 71% dos ucranianos se opõem à transferência de territórios controlados pela Ucrânia para a Rússia.

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