O presidente americano Donald Trump assinou nesta segunda-feira, 13, junto a um grupo de mediadores do Egito, Qatar e Turquia, o documento que oficializada o cessar-fogo em Gaza.
“Este é o dia pelo qual pessoas de toda a região e do mundo trabalharam, lutaram, sonharam e rezaram. Eles fizeram coisas, no último mês, que eu considero realmente impensáveis. Ninguém acreditava que isso pudesse acontecer”, disse Trump.
A assinatura ocorreu durante uma cúpula pela paz realizada em Sharm El Sheikh, no Egito, sem a presença de representantes de Israel e do Hamas.
"O documento vai definir regras e regulamentos e muitas outras coisas", disse Trump antes de assiná-lo.
Reconstrução de Gaza
Durante seu discurso, Trump afirmou que a reconstrução de Gaza será a próxima etapa do processo de paz e minimizou a complexidade desse desafio, dizendo que a fase mais difícil já foi superada com o acordo de cessar-fogo.
Ele destacou que “todos sabem como reconstruir” e que há capacidade e recursos para isso. Estimativas da ONU e de outras entidades internacionais apontam que serão necessários dezenas de bilhões de dólares em investimentos para recuperar infraestrutura e moradias na região.
Durante a cerimônia, o presidente americano elogiou os envolvidos nas negociações e indicou que haverá forte apoio financeiro para a implementação do acordo. “Posso dizer que a maioria deles tem muito dinheiro [...] Eu adoro que eles estejam do nosso lado”, afirmou.
Na cúpula, o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, declarou que seu país será também sede de uma conferência sobre a reconstrução de Gaza após o acordo de cessar-fogo. "O Egito trabalhará com os Estados Unidos, em coordenação com parceiros, nos próximos dias para estabelecer as bases da reconstrução", afirmou.
Retorno dos reféns
Mais cedo, durante um discurso no parlamento de Israel, Trump declarou que, como parte do acordo de cessar-fogo, o Hamas será desarmado. O plano prevê a retirada gradual das forças israelenses e a desmilitarização da região, o que inclui a exigência de que o Hamas abra mão de seus arsenais.
A devolução dos reféns israelenses faz parte do pacote negociado. No início do dia, o governo de Israel confirmou que os 20 últimos reféns israelenses vivos sequestrados pelo Hamas já estão em território israelense. O grupo havia sido capturado durante o ataque de 7 de outubro de 2023, no sul do país, que deu início à guerra em Gaza.
“Civis estão voltando para suas casas. Os reféns estão se reunindo com suas famílias. É algo lindo. Eu estava assistindo nos bastidores — o nível de amor e emoção é algo que nunca vi igual”, disse Trump.
Apesar do avanço diplomático, o papel do Hamas no futuro político de Gaza continua incerto. O grupo ainda não aceitou os termos que o impedem de atuar no governo local e exigem sua completa desmobilização militar. Enquanto isso, Israel insiste que o Hamas deve ser eliminado como força política e armada.
Qual é o plano de Trump?
O plano de cessar-fogo foi apresentado por Trump durante uma reunião na Casa Branca com Netanyahu no final de setembro.
O plano inclui uma série de medidas que visam não apenas encerrar a guerra, mas também estabelecer um novo governo em Gaza.
Entre as condições, está a desmilitarização do Hamas e sua exclusão da governança da Faixa de Gaza.
Segundo o acordo sugerido por Trump, o Hamas, que governa Gaza desde 2007, seria substituído por um "comitê palestino tecnocrático e apolítico", supervisionado por um "Conselho de Paz", com Trump atuando como presidente e Tony Blair, ex-primeiro-ministro britânico, desempenhando um papel de liderança.
O plano também estipula que Gaza se tornaria uma "zona desradicalizada, livre de terrorismo, que não representa ameaça para seus vizinhos", e seria reformada para o benefício do povo de Gaza.
Para isso, o Conselho de Paz criaria um plano para a reconstrução de Gaza, incluindo o financiamento da reconstrução por um período determinado, enquanto a Autoridade Palestina passaria por um programa de "reforma" para garantir que pudesse retomar o controle seguro e eficaz de Gaza.
A Autoridade Palestina, que administra partes da Cisjordânia ocupada por Israel, tem sido acusada de corrupção e falta de eficiência por opositores internos e organizações internacionais.