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Trump e Obama trocam acusações sobre assassinato de Charlie Kirk

Ex-presidente culpa o atual pela radicalização política, enquanto Casa Branca o define como 'arquiteto da divisão política moderna'

Agência o Globo
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Publicado em 17 de setembro de 2025 às 18h50.

Última atualização em 17 de setembro de 2025 às 18h57.

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O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama alertou para uma “crise política como nunca antes vista” após o assassinato do líder conservador Charlie Kirk. Em um evento na Pensilvânia na terça-feira, ele disse que não conhecia Kirk e discordava de muitas de suas opiniões, mas condenou o atentado e a onda de violência que assola o país e culpou o atual presidente, Donald Trump.

Nesse contexto, Obama criticou as declarações de Trump sobre seus oponentes políticos e citou mandatários republicanos anteriores que, segundo ele, enfatizaram a unidade nacional em momentos de alta tensão, informou a mídia local. Em resposta, a Casa Branca chamou o democrata de “arquiteto da divisão política moderna”.

“Obama aproveitou todas as oportunidades para semear a divisão e colocar os americanos uns contra os outros, e, após sua Presidência, mais americanos sentiram que Obama dividiu o país do que sentiram que ele o uniu”, disse Abigail Jackson, porta-voz da Casa Branca, em um comunicado.

Para Obama, os EUA enfrentam "um ponto de inflexão", embora avalie que a violência contra líderes políticos não seja nova por lá e se repita "em certos períodos" da história americana. Ele acrescentou que, apesar do histórico, a violência política era “anátema ao que significa ser um país democrático”.

O ex-presidente denunciou explicitamente o tema, referindo-se aos ataques fatais deste ano contra Kirk e a legisladora de Minnesota Melissa Hortman. Ele chamou ambos os incidentes de “uma tragédia” e disse que Trump dividiu ainda mais o país, em vez de trabalhar para unir as pessoas.

— Não há dúvidas sobre isso, a premissa central do nosso sistema democrático é que temos de ser capazes de discordar e, às vezes, ter debates realmente controversos sem recorrer à violência — disse ele.

Obama considerou que a resposta ao assassinato de Kirk na semana passada, que desencadeou um debate sobre a liberdade de expressão e incitação à violência, poderia aumentar as divisões políticas e culturais:

— Acho que tem havido alguma confusão em torno disso ultimamente e, francamente, vinda da Casa Branca e de algumas outras posições de autoridade que sugerem, mesmo antes de termos determinado quem foi o autor desse ato maligno, que de alguma forma vamos identificar um inimigo.

Obama também mencionou o recente envio de tropas da Guarda Nacional por Trump a Washington e as verificações de identidade realizadas por agentes federais em Los Angeles. Ele incentivou os cidadãos e os representantes eleitos a monitorarem de perto as decisões que violam as normas.

— O que vocês estão vendo, eu acho, é a sensação de que, por meio do Poder Executivo, muitas das barreiras e normas que eu achava que tinha de respeitar como presidente dos Estados Unidos, que George Bush achava que tinha de respeitar como presidente dos Estados Unidos, de repente não se aplicam mais — disse Obama. — E isso torna este um momento perigoso.

Governo culpa “rede de esquerda”

Autoridades do governo Trump responderam na segunda-feira à morte de Charlie Kirk, atingido no pescoço em uma palestra na Universidade de Utah Valley. As lideranças ameaçaram usar todo o peso do governo federal contra o que alegaram ser uma “rede de esquerda que financia e incita a violência”. Elas se valem do ataque ao influenciador para fazer alegações amplas e sem fundamento sobre seus oponentes políticos.

Enquanto os investigadores ainda trabalham para identificar o que motivou a ação do atirador, o governador republicano de Utah, Spencer Cox, disse que o suspeito tinha uma “ideologia esquerdista” e que agiu sozinho. A Casa Branca e os aliados do presidente Donald Trump sugeriram que ele fazia parte de um movimento coordenado que fomentava a violência contra conservadores — sem apresentar evidências da existência de tal rede. Os Estados Unidos têm visto uma onda de violência em todo o espectro político, visando democratas e republicanos.

Dois altos integrantes do governo, que falaram anonimamente ao New York Times para descrever o planejamento interno, afirmaram que secretários de gabinete e chefes de departamentos federais estavam trabalhando para identificar organizações que financiavam ou apoiavam a violência contra conservadores. O objetivo, disseram eles, era categorizar as atividades de esquerda que levavam à violência como terrorismo doméstico, uma escalada que, segundo os críticos, poderia preparar o terreno para esmagar a dissidência anticonservadora de forma mais ampla.

Alguns dos funcionários do mais alto escalão de Washington usaram o podcast de Kirk, The Charlie Kirk Show, para apresentar seus planos.

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