Redatora
Publicado em 7 de julho de 2025 às 07h20.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entra em uma semana decisiva para a conclusão de acordos comerciais antes do fim do prazo, nesta quarta-feira, 9, para entrada em vigor das tarifas de importação.
Trump deve enviar nesta segunda-feira cartas a parceiros comerciais americanos detalhando as novas tarifas, que podem variar entre 10% e 70%. A medida atinge as nações que não ainda firmaram acordo com Washington desde o anúncio das tarifas "recíprocas", em abril.
Apesar do prazo oficial, integrantes da Casa Branca sinalizam que a cobrança pode começar a valer apenas em 1º de agosto, o que ampliaria o espaço para negociação com outros países.
Segundo o secretário do Tesouro, Scott Bessent, os comunicados do governo americano terão caráter de ultimato, alertando que, sem avanço nas negociações, as tarifas anunciadas anteriormente voltarão a valer a partir de agosto.
Ao mesmo tempo, o presidente ampliou o tom contra os países dos Brics — grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China, Emirados Árabes, África do Sul, Indonésia, Etiópia, Irã, Egito e Arábia Saudita. Em publicação nas redes sociais, Trump disse que qualquer país que “se alinhar às políticas antiamericanas” do bloco será taxado com uma tarifa adicional de 10%.
A afirmação veio após a declaração final da reunião de cúpula do grupo, que aconteceu no Rio de Janeiro, durante o final de semana. No documento, divulgado na tarde de domingo, os países criticaram as políticas tarifárias, afirmando se tratar de uma "proliferação de ações restritivas ao comércio". Na declaração, os Estados Unidos não são mencionados diretamente.
Trump tenta manter o ritmo de vitórias recentes, após aprovar um amplo pacote fiscal e intermediar um cessar-fogo entre Israel e Irã. Agora, busca avançar com acordos que, até aqui, enfrentaram entraves técnicos e diplomáticos. A expectativa inicial do governo era fechar 90 acordos em 90 dias, mas apenas três foram firmados, sem a divulgação completa dos termos.
O exemplo mais recente é o pacto anunciado com o Vietnã. Trump afirmou que bens americanos entrarão no país asiático sem tarifas, enquanto produtos vietnamitas seriam taxados em 20% e mercadorias de terceiros países que transitem por lá pagariam 40%. No entanto, o governo do Vietnã indicou que as conversas seguem em curso e que ainda não há um compromisso formal sobre os termos anunciados.
Outro ponto de tensão envolve a China. A Casa Branca afirma que há um acordo em andamento sobre o controle de exportações de metais terras raras, mas o texto completo não foi divulgado. Autoridades americanas admitem que os chineses ainda não cumpriram integralmente os compromissos assumidos em reuniões recentes em Londres e Genebra.
A Índia também está no radar. O governo americano sinaliza que um acordo com o país pode estar próximo. Por outro lado, Nova Délhi notificou a Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre possíveis tarifas retaliatórias contra os EUA, caso Washington mantenha as medidas sobre automóveis.