Mundo

Trump ordena envio de submarinos nucleares após 'provocações' do ex-presidente da Rússia

Dmitry Medvedev escreveu que cada novo ultimato de Trump para pôr fim ao conflito na Ucrânia 'era uma ameaça e um passo em direção à guerra' com os EUA

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 1 de agosto de 2025 às 16h16.

Última atualização em 1 de agosto de 2025 às 16h26.

Tudo sobreEstados Unidos (EUA)
Saiba mais

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou nesta sexta-feira o envio de “dois submarinos nucleares para zonas apropriadas” — em regiões dentro do alcance da Rússia — após comentários “altamente provocativos” do ex-presidente russo Dmitri Medvedev.

Trata-se de uma rara ameaça de escalada nuclear que, segundo o republicano, foi motivada por ameaças de Medvedev. Na quinta-feira, Trump disse que o ex-presidente "está entrando em um território muito perigoso", após Medvedev afirmar que a proposta de tarifas contra compradores de petróleo russo era "um jogo de ultimatos" que aproximava os dois países de uma guerra.

“Com base nas declarações altamente provocativas do ex-presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, que agora é vice-presidente do Conselho de Segurança da Federação Russa, ordenei que dois submarinos nucleares fossem posicionados nas regiões apropriadas, para o caso de essas declarações tolas e inflamadas serem mais do que apenas isso. As palavras são muito importantes e muitas vezes podem levar a consequências indesejadas. Espero que este não seja um desses casos”, escreveu Trump em sua plataforma Truth Social.

Como os movimentos de submarinos nucleares estão entre as manobras táticas mais secretas do Pentágono, não é possível saber se Trump está realmente posicionando as embarcações ou apenas fazendo uma ameaça. Trump, inclusive, não especificou se os submarinos são de propulsão nuclear ou com armas nucleares. Também não deu detalhes sobre onde eles serão destacados.

No X, na última segunda-feira, Medvedev escreveu que cada novo ultimato de Donald Trump para pôr fim ao conflito na Ucrânia “era uma ameaça e um passo em direção à guerra” com os Estados Unidos. Além disso, o ex-presidente ainda disse que Trump deveria lembrar que Moscou ainda possui o sistema soviético de retaliação nuclear, conhecido como "Mão Morta", com alto poder de destruição. No início deste mês, Medvedev descreveu o ultimato de Trump como "teatral", dizendo que "a Rússia não se importava".

A declaração de Medvedev, que foi primeiro-ministro da Rússia de 2012 a 2020 e é um defensor ferrenho da guerra na Ucrânia, foi uma reação a uma mensagem publicada por Trump na rede Truth Social. Nela, o presidente dos Estados Unidos criticou Medvedev por ter dito que a proposta de tarifas contra compradores de petróleo russo era "um jogo de ultimatos" que aproximava os dois países de uma guerra.

"Digam a Medvedev, o ex-presidente fracassado da Rússia que acha que ainda é presidente, para tomar cuidado com suas palavras. Ele está entrando em um território muito perigoso", escreveu Trump.

O presidente americano ameaça impor sanções econômicas à Rússia se seu homólogo russo, Vladimir Putin, não pôr fim às hostilidades na Ucrânia antes do final da próxima semana. Trump também ameaçou sanções “secundárias”, ou seja, aquelas impostas aos países que compram petróleo russo com o objetivo de cortar essa fonte essencial de renda para a máquina de guerra.

A arma que Medvedev se referiu é o "Mão Morta", um sistema automático de disparo de mísseis nucleares desenvolvido na era soviética. Ele foi projetado para reagir caso a liderança russa seja eliminada em um ataque. O próprio governo russo já se referiu à ferramenta como uma “arma apocalíptica”.

Sem citar Trump, Putin diz que deseja 'paz'

Também nesta sexta-feira, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que deseja uma "paz duradoura e estável" na Ucrânia, onde trava uma guerra há mais de três anos, mas afirmou que suas condições para a trégua permanecem.

— Precisamos de uma paz duradoura e estável, baseada em fundamentos sólidos que satisfaçam tanto a Rússia quanto a Ucrânia, e que garantam a segurança de ambos os países — disse Putin aos jornalistas. — As condições [do lado russo] certamente permanecem as mesmas.

A Rússia exige que a Ucrânia ceda quatro regiões que o Exército russo controla parcialmente: Donetsk, Lugansk, Zaporizhzhia e Kherson, bem como a península ucraniana da Crimeia, anexada em 2014. Além disso, o Kremlin deseja que Kiev renuncie aos fornecimentos de armas ocidentais e a qualquer adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Essas, no entanto, são condições inaceitáveis para a Ucrânia, que exige a retirada das tropas russas e garantias de segurança ocidentais, incluindo a continuidade dos envios de armas e a implantação de um contingente europeu.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, por sua vez, reiterou nesta sexta-feira sua disposição de se reunir com Putin para tentar avançar nas conversas — proposta que, por enquanto, a Rússia descarta.

Trump protagonizou uma aproximação a Putin logo após retornar ao poder em janeiro. Ele estava convencido de que seu bom relacionamento com o líder russo lhe permitiria pôr fim rapidamente à guerra na Ucrânia, desencadeada pela invasão da Rússia em fevereiro de 2022.

Essa promessa se desvaneceu e Trump está cada vez mais frustrado com Putin.

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)Donald TrumpRússia

Mais de Mundo

Trump demite comissária após departamento divulgar dados ruins de emprego nos EUA

Incêndio em região de Portugal perto da Espanha devasta quase 4.800 hectares

Ex-presidente colombiano Álvaro Uribe é condenado a 12 anos de prisão domiciliar

Elon Musk doa R$ 85 milhões a aliados de Trump: impacto de sua influência nas eleições dos EUA