Agência de Notícias
Publicado em 22 de setembro de 2025 às 20h38.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu nesta segunda-feira que o uso de paracetamol durante a gravidez seja limitado, atribuindo a este medicamento ser um possível causador de autismo.
"Recomendamos fortemente que as mulheres limitem o uso de Tylenol (marca comercial de paracetamol) durante a gravidez, a menos que seja clinicamente necessário", disse Trump durante uma entrevista coletiva na Casa Branca.
Trump iniciou sua fala classificando a situação do autismo nos Estados Unidos como uma "crise horrível" e disse que "não há nenhuma desvantagem" se o consumo deste medicamento for interrompido.
"Temos provas que não podemos ignorar", afirmou o diretor da Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA), Martin Makary, que por sua vez anunciou que serão colocadas advertências nos rótulos de Tylenol vendido nas farmácias sobre suas possíveis implicações referentes ao autismo.
Por sua vez, o secretário de Saúde, Robert Kennedy Jr., afirmou que os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) tinham se concentrado por muito tempo "quase exclusivamente em pesquisas politicamente seguras e totalmente infrutíferas" sobre os fatores genéticos do autismo.
"Isso seria como estudar os fatores genéticos do câncer de pulmão sem analisar os cigarros", afirmou.
Trump também disse que existem "rumores" de que em Cuba "virtualmente não há autismo", segundo ele, porque para consumir Tylenol é preciso ter dinheiro. "Há outras partes do mundo que não têm Tylenol e não têm autismo. Isso já diz muito", acrescentou.
Por sua vez, Kennedy afirmou que a FDA divulgará uma nota aos médicos sobre o risco do paracetamol durante a gravidez e começará o processo para realizar uma mudança de segurança no rótulo.
A grande maioria da comunidade científica nega que haja evidências suficientes que estabeleçam uma relação entre o paracetamol e o autismo.
Durante o anúncio de Trump, o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas divulgou um comunicado no qual garantiu que o paracetamol é seguro e que as doenças que são tratadas durante a gravidez "são muito mais perigosas do que qualquer risco teórico e podem causar graves problemas de saúde", segundo escreveu Steven J. Fleischman, presidente da organização.
Já a Autism Science Foundation negou que as evidências existentes provem esse vínculo entre autismo e paracetamol.
Em contrapartida, alguns estudos encontraram um vínculo. Um publicado em agosto pela Escola de Medicina de Icahn do Mount Sinai assegurou que a exposição pré-natal ao paracetamol pode aumentar o risco de transtornos do neurodesenvolvimento, como o transtorno do espectro autista e o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) em crianças.