Trump e Xi: presidentes se encontraram nesta quinta-feira, 30 (Andrew Harnik / Equipe/Getty Images)
Repórter
Publicado em 30 de outubro de 2025 às 05h50.
Última atualização em 30 de outubro de 2025 às 07h05.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira, 30, que irá reduzir as tarifas contra a China após uma reunião com o presidente Xi Jinping, em Busan, na Coreia do Sul.
Segundo Trump, a taxa imposta sobre produtos relacionados ao tráfico de fentanil será reduzida de 20% para 10%, como parte do compromisso chinês de aumentar o controle sobre os precursores químicos usados na produção do opioide sintético. Com isso, a tarifa total aplicada sobre produtos chineses recuará de 57% para 47%.
O encontro, o primeiro entre os dois líderes desde 2019, resultou em uma série de acordos bilaterais que envolvem desde comércio agrícola até a suspensão de medidas estratégicas envolvendo minerais raros.
"Tive uma reunião realmente excelente com o presidente Xi da China. Há um enorme respeito entre nossos dois países e isso só será ampliado após o que acaba de acontecer", escreveu Trump na rede social Truth Social.
Entre os principais anúncios feitos após a reunião, está a suspensão, por um ano, das restrições impostas pela China à exportação de terras raras — um grupo de minerais essenciais para setores como o automobilístico, aeronáutico e bélico.
Pequim havia adotado essas medidas em 9 de outubro, exigindo licenças especiais para exportações e ampliando o controle sobre a cadeia produtiva desses materiais.
“Todo o assunto das terras raras foi resolvido. Não há mais restrições às terras raras”, afirmou Trump a bordo do Air Force One.
O Ministério do Comércio da China confirmou a suspensão das medidas e destacou que a decisão faz parte dos consensos alcançados entre as equipes econômicas dos dois países durante reuniões em Kuala Lumpur.
As medidas chinesas afetavam a mineração, fundição, separação e reciclagem de terras raras, além de materiais usados em baterias e diamantes sintéticos. Apesar da trégua, restrições anteriores a minerais como gálio e germânio — empregados em semicondutores — continuam em vigor.
Trump revelou ainda que a China irá retomar imediatamente a compra de soja dos Estados Unidos, suspensa desde maio devido à escalada tarifária.
A decisão ocorre em um momento de maior tensão geopolítica e busca por recomposição comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Antes mesmo do encontro, a China já havia adquirido seus primeiros carregamentos de soja americana em vários meses, segundo fontes do setor.
Durante o encontro, o presidente chinês também se comprometeu a reforçar os controles sobre os produtos químicos que servem de base para a produção de fentanil.
O opioide, altamente letal, é apontado como a principal causa de mortes por overdose nos Estados Unidos.
Trump justificou a redução das tarifas como um sinal de confiança nas medidas que, segundo ele, a China “está de fato adotando para conter o fluxo do fentanil”.
Apesar das expectativas, Trump afirmou que a questão de Taiwan — território autônomo reivindicado por Pequim — não foi abordada durante o encontro. Também não houve discussão sobre o chip Blackwell da Nvidia, alvo de embargos e tentativas de adaptação para manter a presença no mercado chinês de inteligência artificial.
Trump disse que esse é um assunto que deverá ser tratado diretamente pela empresa, sem interferência da Casa Branca.
O presidente norte-americano informou que um novo encontro com Xi Jinping está previsto para abril de 2026, na China. Em seguida, Xi deve visitar os Estados Unidos, dando continuidade ao processo de reaproximação diplomática.
Pouco antes da reunião bilateral, Trump ordenou a retomada imediata dos testes nucleares dos Estados Unidos, suspensos há 33 anos, citando a necessidade de equilibrar o avanço dos arsenais da China e da Rússia.
Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores da China declarou esperar que Washington respeite a moratória internacional vigente sobre testes atômicos.