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Trump revoga proteção do Serviço Secreto a Hunter e Ashley Biden, filhos do ex-presidente Joe Biden

Decisão veio após reportagem mostrar viagem de Hunter à África do Sul, um dos alvos da diplomacia trumpista no começo do segundo mandato

Joe Biden: ex-presidente dos EUA ao lado de seu filho Hunter (Mandel NGAN / AFP/AFP)

Joe Biden: ex-presidente dos EUA ao lado de seu filho Hunter (Mandel NGAN / AFP/AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 17 de março de 2025 às 21h32.

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O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira a revogação da proteção fornecida pelo Serviço Secreto aos dois filhos de seu antecessor no cargo, Joe Biden, após ser informado de que um deles, Hunter, viajou à África do Sul acompanhado por 18 agentes.

A decisão veio no dia em que o republicano afirmou considerar inválidos perdões emitidos por seu antecessor, em um caso que deve parar nos tribunais.

Em publicação em sua rede social, o Truth Social, Trump disse que Hunter Biden — um alvo preferencial do presidente e seus aliados — “teve a proteção do Serviço Secreto por um longo período de tempo, paga pelo contribuinte dos EUA”, e citou que a equipe destacada para sua proteção teria 18 agentes. Mas o destino de uma das viagens de Hunter ao exterior parece ter incomodado profundamente o republicano.

“Ele está atualmente de férias, de todos os lugares, na África do Sul, onde os direitos humanos das pessoas têm sido fortemente questionados. Por causa disso, a África do Sul foi retirada da nossa lista de países que recebem Assistência Econômica e Financeira”, escreveu Trump. “Por favor, esteja ciente de que, com efeito imediato, Hunter Biden não receberá mais proteção do Serviço Secreto.”

No fim de semana, o jornal New York Post, alinhado a Trump, revelou que Hunter Biden viajou à África do Sul com sua mulher, a ativista e cineasta sul-africana Melissa Cohen, além de um “substancial” contingente do Serviço Secreto. Ao comentar a reportagem, nesta segunda-feira, o presidente disse que iria “analisar o caso”, e que, de confirmado, revogaria a proteção fornecida pelos agentes.

Além de Hunter, a filha de Biden, Ashley Biden, “que tem 13 agentes” segundo Trump, perderá a proteção. Em janeiro, ele havia revogado as proteções do ex-secretário de Estado, Mike Pompeo, e de seu antigo conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton.

Hunter Biden é um velho alvo dos republicanos. Sua participação em empresas da China e, especialmente, Ucrânia foi usada por Trump e aliados para acusar Biden e Hunter de corrupção — o primeiro processo de impeachment contra Trump, em 2019, no seu primeiro mandato, tinha como pano de fundo a atuação de Hunter na empresa ucraniana Burisma.

Ele também foi condenado por posse ilegal de armas e por ter mentido na hora de preencher as informações para a compra do armamento, omitindo seus problemas com drogas no passado. Apesar de ser aconselhado a não fazê-lo, Joe Biden lhe concedeu perdão “incondicional” quando Trump já se preparava para chegar à Casa Branca.

Mas o que parece ter incomodado Donald Trump foi o destino de Hunter Biden. Nas últimas semanas, o presidente tem acusado o governo sul-africano de praticar ações discriminatórias contra a minoria branca do país — são 7% da população — e de “roubar” terras de fazendeiros brancos usando uma lei de redistribuição de terras, que até hoje não desapropriou um terreno sequer.

As ameaças não ficaram apenas na retórica. A Casa Branca retirou a África do Sul da lista de países que recebem ajuda financeira americana, apresentou um plano para facilitar a entrada de fazendeiros brancos nos EUA, no momento em que ele parece fechar as portas para a maioria dos imigrantes, e determinou a expulsão do embaixador sul-africano. Um dos mais vocais defensores da “ofensiva” é o bilionário e braço direito do republicano, Elon Musk, que nasceu na África do Sul. As autoridades do país africano dizem que se trata de uma “diplomacia de megafone” do mandatário americano.

Essa não foi a única decisão de Trump ligada a Joe Biden nesta segunda-feira. Horas antes de esbravejar sobre Hunter e Ashley, ele considerou inválidos os perdões e indultos preventivos concedidos pelo ex-presidente no último dia de mandato, que beneficiaram congressistas da comissão que investigou o ataque de 6 de janeiro de 2021, cinco parentes e o general Mark Milley, o médico Anthony Fauci, igualmente criticados por Trump.

Segundo o republicano, o fato de terem sido assinados com a ajuda de uma caneta automática os torna inválidos, muito embora o Departamento de Justiça tenha autorizado seu uso em atos oficiais em 2005, quando outro republicano, George W. Bush, estava na Casa Branca. Para juristas, o caso vai parar na Justiça, e as chances de derrota de Trump são consideráveis.

— [Trump] está apenas se divertindo às custas de Biden — disse à CNN John Yoo, professor de Direito Constitucional e que trabalhou na equipe jurídica da Casa Branca durante o governo Bush (2001-2009). — Não consigo ver os tribunais rejeitando isso: isso se baseia em séculos de prática e uma longa tradição legal de permitir que agentes assinem em nome de seus superiores.

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