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Ucrânia diz ter realizado novo ataque contra ponte da Crimeia com explosivos debaixo d’água

Construção de 19 km liga a Península à Rússia e é uma rota de abastecimento primária para as forças de Moscou que combatem no sul do território ucraniano

Explosão atinge a ponte da Crimeia em operação especial ucraniana, segundo serviço secreto do país, em meio à guerra  (AFP Photo / Ukrainian Security Service)

Explosão atinge a ponte da Crimeia em operação especial ucraniana, segundo serviço secreto do país, em meio à guerra (AFP Photo / Ukrainian Security Service)

Agência o Globo
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Publicado em 4 de junho de 2025 às 12h59.

Última atualização em 4 de junho de 2025 às 13h23.

A Ucrânia afirmou nesta terça-feira, 3, que atingiu a ponte da Crimeia pela terceira vez desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, depois de passar meses plantando explosivos nas estruturas de sustentação submersas.

A extensão dos danos ainda não está clara, mas o Serviço de Segurança da Ucrânia, a agência de inteligência conhecida como SBU, divulgou um comunicado e um vídeo que, segundo eles, mostra uma das detonações.

“Hoje, às 4h44 [21h44 de segunda-feira em Brasília], sem vítimas civis, foi detonada a primeira carga explosiva”, informou a agência. “Os pilares de sustentação submersos foram severamente danificados ao nível do leito marinho — com o equivalente a 1.100 kg de TNT. Como resultado, a ponte está, efetivamente, em estado de emergência.”

O órgão publicou imagens que mostram uma explosão expelindo a água e destroços, além de uma foto que revela danos em uma das laterais da ponte. A RIA Novosti, agência estatal russa, informou que a construção foi brevemente fechada por algumas horas nesta terça-feira. No entanto, um aplicativo amplamente usado na Rússia para monitorar o tráfego na ponte indicava que ela já estava reaberta no meio da tarde.

A ponte sobre o Estreito de Kerch, com 19 quilômetros de extensão, liga a Península da Crimeia à Rússia e é uma rota de abastecimento primária para as forças de Moscou que combatem no sul da Ucrânia. Ela também tem grande valor simbólico para o presidente russo, Vladimir Putin. Construída após a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014, a ponte foi inaugurada por ele em 2018. O projeto custou cerca de US$ 3,7 bilhões.

A Ucrânia considera a ponte um alvo legítimo, já que ela é usada para transportar tropas e equipamentos militares russos durante a invasão. Em outubro de 2022, um caminhão carregado de explosivos foi detonado ao cruzar a ponte, provocando uma bola de fogo grande o suficiente para atingir tanques de combustível em um trem que passava e incendiá-lo. A explosão arrancou parte da estrada, que caiu no mar.

Os russos iniciaram os reparos, mas, dez meses depois, a ponte foi atingida novamente — dessa vez com drones marítimos que miraram os pilares de sustentação. Após cada ataque, os russos trabalharam para reparar essa artéria vital e reforçaram a defesa ao seu redor.

Também nesta terça, a Rússia acusou a Ucrânia de estar por trás das explosões que, no último fim de semana, causaram o desabamento de duas pontes ferroviárias e acidentes, deixando sete mortos e mais de 100 feridos. Em nota, a Comissão de Investigação do país declarou que “está claro que os terroristas, seguindo ordens do regime de Kiev, planejaram tudo com a máxima precisão para afetar civis”.

As explosões ocorreram na noite de sábado nas regiões russas de Kursk e Bryansk, na fronteira com a Ucrânia. Elas causaram o descarrilamento de três comboios (um de passageiros, um de carga e um de controle), deixando mortos e feridos, incluindo crianças, segundo os investigadores. Uma investigação por “atos de terrorismo” foi aberta, segundo a mesma fonte. Até o momento, a Ucrânia não reagiu às acusações.

Desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, em fevereiro de 2022, foram registrados frequentes casos ou tentativas de sabotagem de ferrovias e outras infraestruturas na Rússia, especialmente em regiões de fronteira. No entanto, até o momento, nenhum incidente com um número tão elevado de mortos havia sido registrado.

Ataques buscam surpreender

Embora a dimensão dos danos não tenha ficado imediatamente clara, a ofensiva desta terça é o mais recente exemplo das tentativas do SBU de surpreender Moscou e demonstrar que há custos em continuar a guerra. No domingo, o órgão lançou um ousado ataque com drones contra a frota de bombardeiros com capacidade nuclear da Rússia, estacionada em diversos campos aéreos russos a milhares de quilômetros da Ucrânia.

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