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Ucrânia não cederá território, diz Zelensky após anúncio de reunião Trump-Putin

Os presidentes americano e russo vão se encontrar no Alasca na próxima semana

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 9 de agosto de 2025 às 12h55.

Última atualização em 9 de agosto de 2025 às 12h56.

A Ucrânia não cederá seu território à Rússia, advertiu o presidente Volodimir Zelensky neste sábado, 9, horas após Washington e Moscou acordarem uma reunião entre seus líderes para encerrar a guerra de mais de três anos.

O presidente americano, Donald Trump, e seu homólogo russo, Vladimir Putin, se reunirão no Alasca, perto da Rússia, em 15 de agosto, apesar das advertências da Ucrânia e da Europa de que Kiev deve participar das negociações.

Ao anunciar a cúpula na sexta-feira, Trump afirmou que "haverá alguma troca de territórios para o benefício de ambos", referindo-se à Ucrânia e à Rússia, sem dar mais detalhes.

"Os ucranianos não entregarão sua terras ao ocupante", declarou Zelensky nas redes sociais. "Não podem tomar decisões contra nós, não podem tomar decisões sem a Ucrânia. Seria uma decisão contra a paz. Não conseguirão nada", advertiu. A guerra "não pode terminar sem nós, sem a Ucrânia", acrescentou.

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Zelensky também instou seus aliados a tomarem "medidas claras" rumo a uma paz sustentável, durante uma ligação ao primeiro-ministro britânico, Keir Starmer. Também afirmou ter conversado com seu homólogo francês, Emmanuel Macron, com quem trocou "pontos de vista sobre a situação diplomática".

Os assessores de segurança nacional dos aliados de Kiev, incluindo Estados Unidos, países da UE e Reino Unido, se reúnem neste sábado para harmonizar seus pontos de vista antes da cúpula entre Putin e Trump.

As três rodadas de negociações entre a Rússia e a Ucrânia realizadas neste ano não alcançaram resultados, e segue incerto se uma cúpula contribuirá para aproximar a paz.

A invasão russa da Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, deixou dezenas de milhares de mortos, milhões de deslocados e muita destruição.

Putin resistiu aos múltiplos apelos dos Estados Unidos, Europa e Ucrânia para que seja declarado um cessar-fogo.

Zelensky afirmou que Kiev está "preparada para tomar decisões reais que possam trazer a paz", mas acrescentou que precisa ser uma "paz digna", sem dar mais detalhes.

O ucraniano pressiona para que a cúpula seja trilateral, e insiste em que a única forma de avançar para a paz é se reunir com Putin, que descartou esta conversa neste momento.

Longe da guerra

A cúpula no Alasca, território que a Rússia vendeu aos Estados Unidos em 1867, seria a primeira entre os presidentes em exercício dos Estados Unidos e da Rússia desde que Joe Biden se reuniu com Putin em Genebra, em junho de 2021.

O Alasca está "muito longe desta guerra, que é travada em nossa terra, contra nosso povo", declarou Zelensky sobre o local da reunião.

Para o Kremlin, a escolha foi "bastante lógica", já que o estado próximo ao Ártico está na fronteira entre os dois países e é lá onde se cruzam seus "interesses econômicos".

Moscou também convidou Trump a realizar uma visita à Rússia mais adiante.

Trump e Putin se reuniram pela última vez em 2019, em uma cúpula do G20, no Japão, durante o primeiro mandato do americano, embora os dois tenham se falado pelo telefone em várias ocasiões desde janeiro.

Trump, que desde que voltou à Casa Branca, em janeiro, tenta negociar a paz na Ucrânia sem conseguir nenhum avanço, impôs anteriormente uma tarifa alfandegária adicional à Índia por comprar petróleo russo, em uma tentativa de pressionar Moscou a negociar.

Ele também ameaçou impor um imposto similar à China, mas até agora se absteve de fazê-lo.

Os bombardeios continuam

Longe das negociações, ao longo dos mais de 1.000 quilômetros de linha de frente, Rússia e Ucrânia lançaram mutuamente dezenas de drones durante a madrugada deste sábado.

Duas pessoas morreram e outras 16 ficaram feridas quando um ônibus que transportava civis foi atingido na cidade ucraniana de Kherson, na linha de frente.

O Exército russo afirmou ter tomado Yablonovka, em Donetsk, local dos combates mais intensos no Leste e uma das cinco regiões que Putin considera parte da Rússia.

Quatro pessoas morreram na manhã deste sábado em Donetsk após bombardeios russos, informaram as autoridades ucranianas.

Para acabar com a guerra, Moscou exige que a Ucrânia ceda quatro oblasts (regiões administrativas) parcialmente ocupados (Donetsk, Lugansk, Zaporizhzhia e Kherson), além da Crimeia, anexada em 2014, e que renuncie ao recebimento de armas ocidentais e aderir à Otan.

Essas exigências são inaceitáveis para Kiev, que pede a retirada das tropas russas de seu território e garantias de segurança ocidentais. Isso incluiria mais suprimento de armas e o envio de um contingente europeu, o que a Rússia se opõe.

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