EUA e Ucrânia discutirão acordo na Arábia Saudita (AFP)
Agência de notícias
Publicado em 6 de março de 2025 às 20h59.
Última atualização em 6 de março de 2025 às 21h00.
Lideranças da União Europeia (UE) apoiaram, em reunião de cúpula em Bruxelas, um plano da Comissão Europeia para elevar os gastos com defesa. A proposta, estimada em € 800 bilhões, surge em meio a preocupações com o compromisso dos EUA com a segurança regional e com o futuro da guerra na Ucrânia. Paralelamente, os EUA e a Ucrânia discutirão um possível acordo de paz com a Rússia na próxima semana, em reunião na Arábia Saudita.
A proposta foi apresentada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e prevê flexibilização das regras fiscais do bloco para permitir novos investimentos militares. Inicialmente, a autorização seria válida por quatro anos, mas alguns países, como a Alemanha, defendem um período maior.
"Hoje, a história está sendo escrita", afirmou Von der Leyen. "Estamos determinados a garantir a segurança da Europa, investir mais, investir melhor e investir mais rápido."
O Conselho Europeu, composto pelos líderes dos países-membros, ressaltou em comunicado que a guerra na Ucrânia representa um desafio existencial para a segurança europeia e que o bloco precisa mobilizar recursos para reforçar suas defesas.
O programa “Rearmar a Europa” pretende mobilizar € 800 bilhões (R$ 4,9 trilhões), dos quais € 150 bilhões (R$ 933 bilhões) seriam concedidos em forma de empréstimos. O restante viria de recursos nacionais dos próprios países-membros. No entanto, não há obrigação para que os países utilizem toda a verba disponibilizada.
A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, defendeu a iniciativa, afirmando que a Europa precisa se preparar melhor para garantir sua segurança.
"Isto é algo que pedimos há muito tempo: que a União Europeia seja capaz de se manter de pé", disse Metsola. "Precisamos aumentar a escala, estar preparados, produzir e proteger."
A pressão pelo fortalecimento militar da Europa aumentou após a vitória de Donald Trump, que tem indicado uma possível redução da presença militar americana no continente. O ex-presidente também sinalizou que vê em Moscou o caminho mais rápido para o fim do conflito e pressiona o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a aceitar um cessar-fogo.
Na semana passada, Zelensky se encontrou com Trump e, pouco depois, o governo americano suspendeu a ajuda militar à Ucrânia. O líder ucraniano, por sua vez, declarou estar pronto para seguir sob a "forte liderança" dos EUA.
Na próxima terça-feira, representantes dos EUA e da Ucrânia se reunirão na Arábia Saudita para discutir um possível cessar-fogo. Segundo Steve Witkoff, enviado especial de Trump, o governo americano acredita que Zelensky já deu um primeiro passo positivo ao reconhecer os esforços dos EUA na guerra.
"Ele (Trump) sentiu que a carta de Zelensky foi um primeiro passo muito positivo. Houve um pedido de desculpas. Houve um reconhecimento de que os Estados Unidos fizeram muito pelo país da Ucrânia e um sentimento de gratidão", afirmou Witkoff ao Congresso americano.
Zelensky confirmou que viajará à Arábia Saudita e que sua equipe permanecerá no país para trabalhar diretamente com os americanos. O encontro deve definir os primeiros termos de um possível acordo de paz.
Enquanto os líderes europeus debatiam a ampliação dos investimentos militares, o Kremlin alertou que considera a presença de tropas europeias na Ucrânia como uma participação direta da Otan no conflito.
O chanceler russo, Serguei Lavrov, afirmou que a Rússia responderá caso tropas da UE entrem no território ucraniano. Além disso, criticou declarações do presidente francês, Emmanuel Macron, sobre a possibilidade de uso de armas nucleares contra Moscou.
"Se ele nos considera uma ameaça, convoca uma reunião dos chefes do Estado-Maior dos países europeus e da Grã-Bretanha, diz que é necessário usar armas nucleares, se prepara para usar armas nucleares contra a Rússia, isso é, claro, uma ameaça", declarou Lavrov.