Venezuela: PIB cresce 8,7%, mas a crise segue em alta (Juan BARRETO / AFP)
Agência de notícias
Publicado em 17 de outubro de 2025 às 07h28.
O Produto Interno Bruto (PIB) da Venezuela aumentou 8,7% no terceiro trimestre do ano, em relação ao mesmo período de 2024, impulsionado pelas vendas de petróleo, segundo informou nesta quinta-feira o Banco Central (BCV) — embora os venezuelanos digam não perceber isso no dia a dia.
O anúncio ocorre em um momento em que o país enfrenta uma nova alta inflacionária e a desvalorização diária de sua moeda. O bolívar já caiu mais de 70% em relação ao dólar neste ano.
"Bendito aquele cuja economia cresceu, porque a minha me faz chorar todas as noites e todos os dias", disse Carolina Serrada, confeiteira de 28 anos que afirma que o preço das matérias-primas sobe diariamente conforme varia a taxa de câmbio.
Além disso, a diferença entre o dólar oficial e o paralelo também complica as compras para os venezuelanos. No mercado oficial, o dólar é cotado a 203 bolívares, mas no mercado paralelo ultrapassa 280 bolívares — quase 40% a mais.
O salário mínimo na Venezuela é de 130 bolívares, menos de um dólar, mas o governo tenta compensar essa perda com bonificações que elevam o “rendimento mínimo mensal”.
A economia “no terceiro trimestre de 2025 aumentou 8,71% em relação ao terceiro trimestre de 2024”, disse o BCV em nota de imprensa, destacando que já são “dezoito (18) trimestres consecutivos” de crescimento.
O país caribenho voltou a registrar crescimento no segundo trimestre de 2021, após sair de uma hiperinflação que durou quatro anos e depois de uma queda de 80% do PIB.
"Dizer que há aumento do PIB é algo positivo, mas eu não vejo prosperidade nem o fim da crise", disse, por sua vez, Ingrid Flores, de 35 anos, criadora de conteúdo para redes sociais.
O BCV destacou um aumento de 16,12% na atividade petrolífera e de 6,12% na não petrolífera.
“O dinamismo das atividades econômicas que vem sendo registrado (...) é um indicador da capacidade de recuperação da economia nacional diante das adversidades”, afirmou o Banco.
O governo atribui a instabilidade econômica às sanções impostas pelos Estados Unidos em 2017 e ao embargo petrolífero de 2019, quando a inflação chegou a 344.000%.
Segundo o presidente Nicolás Maduro, os preços aumentaram 48% em 2024. O BCV não divulga dados sobre inflação há um ano.