Avião da Eastern Airlines com venezuelanos deportados, no dia 26 de novembro de 2025. (Juan Barreto/AFP)
Repórter
Publicado em 27 de novembro de 2025 às 13h49.
O governo de Nicolás Maduro revogou, nessa quinta-feira 27, as licenças de operação de seis importantes companhias aéreas internacionais que suspenderam voos ao país após um alerta das autoridades aéreas americanas.
As empresas afetadas foram a espanhola Iberia, a portuguesa TAP, as colombianas Avianca e Latam Colômbia, Turkish Airlines da Turquia e a brasileira Gol.
A revogação vem após um ultimato emitido pelo governo na segunda-feira, pelo qual linhas aéreas internacionais teriam recebido um prazo de 48 horas para retomarem os voos, ou arriscariam perder suas licenças de operação no país. Notícias do ultimato foram apresentadas pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) na segunda-feira.
Em um comunicado governamental, Caracas disse que as linhas aéreas teriam “se juntado a ações de terrorismo estatal promovidas pelos Estados Unidos” por terem suspendido atividades “unilateralmente”.
O ministro do Interior venezuelano, Diosdado Cabello, também comentou na situação: “O governo nacional, em uma decisão soberana, disse às empresas: se vocês não retomarem os voos em 48 horas, não os retomem mais. Vocês ficam com seus aviões e nós ficamos com nossa dignidade.”
Cabello insiste que é a própria Venezuela que decide quem opera em seu território e clama o direito exclusivo de admissão de empresas aéreas.
A suspensão de voos afetou mais de 8.000 passageiros em pelo menos 40 voos, segundo dados da Associação Nacional de Agências de Viagem e Turismo (Avavit).
Nos últimos dias, atividades de caças americanos foram registradas a poucas dezenas de quilômetros das costas venezuelanas, segundo sites de rastreamento de aeronaves.
O ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, denunciou na terça-feira que os Estados Unidos "mostram suas armas para a guerra".
A Administração de Aviação Federal americana, FAA na sigla em inglês, alertou as principais empresas aéreas sobre uma “situação potencialmente perigosa” e as aconselhou a exercer cautela ao voar pela Venezuela. O alerta, emitido na sexta-feira 21, vem em meio a uma crise diplomática que viu o acúmulo de poderio militar americano nos mares do Caribe.
A nova medida também exige que linhas aéreas alertem a FAA com no mínimo 72 horas de antecedência sobre voos planejados para ou sobre a Venezuela, mas não chegou a proibi-los.
A FAA destaca o “agravamento da situação de segurança e aumento da atividade militar na Venezuela e arredores” e disse em um comunicado que ameaças provenientes dessa situação poderiam significar riscos para aeronaves que operam em qualquer altitude.
Desde setembro, a administração vem alertando sobre interferências com o Sistema Global de Navegação por Satélite na Venezuela, o que pode causar efeitos negativos durante voos.
A FAA disse ainda que “A Venezuela realizou vários exercícios militares e ordenou a mobilização em massa de milhares de militares e forças de reserva”, sem mencionar em nenhum ponto uma intenção do país de alvejar aeronaves civis.
Mesmo assim, a agência disse que o país possui caças avançados e diversos sistemas de armas capazes de interceptar aeronaves em altitudes de voos civis, e que haveria risco em menor altitude de sistemas de defesa e artilharia antiaérea.
Voos americanos diretos, tanto para passageiros quanto de carga, estiveram suspensos desde 2019, mas ainda assim certas linhas aéreas americanas ainda sobrevoam o país em percurso para outros destinos na América Latina. Para a Reuters, a American Airlines disse que havia parado de sobrevoar o país já em outubro. A Delta Airlines, outra linha aérea proeminente, também relatou que já não passava pela Venezuela “há algum tempo”.
Com informações da AFP