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Venezuela se prepara para reação militar contra os EUA com 4,5 milhões de paramilitares mobilizados

Com frota de guerra e paramilitares mobilizados, Maduro reforça resistência ao envio de destróieres americanos à costa da Venezuela

Agência o Globo
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Publicado em 20 de agosto de 2025 às 08h02.

Em meio à aproximação da costa da Venezuela de uma frota naval americana, incluindo três destróieres americanos — USS Gravely, USS Jason Dunham e USS Sampson, equipados com o sistema de combate Aegis com mísseis guiados — o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou a mobilização de 4,5 milhões de paramilitares em todo o território nacional para reagir ao que chamou de “ameaças” dos EUA. Segundo a imprensa americana, o destacamento americano teria como objetivo combater o tráfico de drogas e pressionar o governo venezuelano. Em meio às ameaças, a porta-voz do governo dos EUA, Karoline Leavitt, disse que o presidente Donald Trump vai usar “toda a força” contra o regime de Maduro.

Ordem para ação militar contra cartéis de drogas

De acordo com fontes ouvidas pela Reuters, as embarcações chegarão perto da costa do país caribenho na manhã desta quarta-feira, como parte de ordem emitida em 8 de agosto ao Pentágono para começar a usar força militar contra cartéis de drogas latino-americanos, classificados por Washington como organizações terroristas e vistos como uma ameaça à segurança nacional dos EUA. A diretiva proporciona uma base oficial para lançar operações contra esses grupos em território estrangeiro e em águas territoriais correspondentes, levantando questões jurídicas. No mesmo dia, o governo de Donald Trump dobrou para US$ 50 milhões a recompensa por informações que levem à prisão do líder venezuelano, sob a alegação do Departamento de Justiça de que o presidente venezuelano seria líder do Cartel de los Soles.

“Vou ativar nesta semana um plano especial para garantir a cobertura, com mais de 4,5 milhões de paramilitares, de todo o território nacional, milícias preparadas, ativadas e armadas,” anunciou Maduro em um encontro político televisionado com os dirigentes do Partido Socialista Unido da Venezuela, ao ordenar “tarefas” diante “da renovação das ameaças” dos EUA.

Sem citar os navios americanos, Maduro endureceu o tom, afirmando haver uma “ameaça bizarra e absurda de um império em declínio”.

“A Venezuela defenderá nossos mares, nossos céus e nossas terras.”

Possível intervenção militar

Interlocutores do governo brasileiro ouvidos pelo GLOBO ressaltam que ainda não há nenhuma reação concreta à vista, mas afirmam que essa movimentação mostra que os Estados Unidos podem estar preparando o terreno para uma eventual intervenção militar no país vizinho. Um dos sinais emitidos foi Washington ter colocado a cabeça do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, a prêmio por US$ 50 milhões.

A Marinha dos EUA começou a mobilizar mais de 4 mil fuzileiros navais e marinheiros para as águas da América Latina e do Caribe na sexta-feira, segundo a rede americana CNN. O contingente é formado por militares do Grupo Anfíbio de Prontidão Iwo Jima e da 22ª Unidade Expedicionária de Fuzileiros Navais para o Comando Sul dos EUA. A movimentação faz parte de um reposicionamento mais amplo de ativos militares para a área de responsabilidade do Comando Sul dos EUA (Southcom), que vem sendo realizado desde o início do mês.

Um submarino de ataque com propulsão nuclear, aeronaves de reconhecimento P8 Poseidon, vários contratorpedeiros e um cruzador de mísseis guiados também estão sendo alocados para o Southcom, como parte da missão, segundo a CNN. À Reuters, uma autoridade informou que as operações devem se estender por vários meses em águas e espaço aéreo internacionais.

Trump fez da repressão aos cartéis de drogas um objetivo central de seu governo como parte de um esforço mais amplo para limitar a migração e proteger a fronteira sul. Em março, forças americanas enviaram contratorpedeiros para áreas ao redor da fronteira entre os EUA e o México para reforçar a presença americana no Hemisfério Ocidental.

Os ativos navais podem ser usados não apenas para realizar operações de inteligência e vigilância, mas também como plataforma de lançamento para ataques direcionados, acrescentou uma autoridade sob condição de anonimato.

Milícia usada como defesa

Criada em 2007 pelo ex-presidente Hugo Chávez, a Milícia Nacional é hoje um dos cinco componentes da Força Armada Nacional Bolivariana. Segundo dados oficiais, o contingente é formado por cerca de 5 milhões de reservistas. No discurso, Maduro destacou o apoio interno recebido diante do que chamou de “repetição podre” de ameaças.

Os primeiros a manifestar solidariedade e apoio a este presidente trabalhador que aqui está foram os militares desta pátria,” disse, pedindo às bases políticas do governo que ampliem a formação das milícias camponesas e operárias. “Mísseis e fuzis para a classe operária, para que defenda a nossa pátria!”

 

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