Agência de notícias
Publicado em 3 de agosto de 2025 às 14h47.
Ao menos quatro pessoas morreram neste domingo, 3, na retomada dos confrontos na província de Sweida, no sul da Síria, apesar de um cessar-fogo que acabou com a onda de violência entre comunidades em julho, segundo uma ONG.
A região de Sweida, de maioria drusa, foi cenário de confrontos entre esta minoria esotérica derivada de um ramo do xiismo e beduínos sunitas, antes da ampliação dos combates com a intervenção das forças governamentais e combatentes tribais que auxiliaram os beduínos.
Um cessar-fogo acabou em 20 de julho com uma semana de combates - que deixaram mais de 1.400 mortos, em sua maioria drusos, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) —, mas a situação continua tensa e o acesso à província é difícil.
A ONG informou que três membros das forças de segurança sírias morreram em confrontos "com facções locais no eixo de Tal Hadid, no oeste da província de Sweida".Algumas horas antes, segundo a ONG, "um membro das facções locais, natural de Sweida", foi assassinado em Tal Hadid, "um ponto estratégico elevado" no oeste da província.
O OSDH também informou que os combates foram retomados ao redor da cidade de Thaala "após lançamentos de foguetes e armas pesadas procedentes de zonas controladas pelas forças governamentais, enquanto explosões e tiros eram ouvidos em várias partes da cidade de Sweida".
A agência estatal síria de notícias SANA acusou grupos drusos leais ao influente líder espiritual Hikmat al Hijri de violação do cessar-fogo com ataques contra as tropas governamentais em Tal Hadid, que mataram um oficial das forças de segurança e deixaram vários feridos.
Em um comunicado, o Ministério do Interior da Síria acusou grupos locais de "lançar ataques traiçoeiros contra as forças de segurança em vários locais e bombardear algumas aldeias com foguetes e morteiros, matando e ferindo vários membros das forças de segurança".
As forças governamentais retomaram o controle de Tal Hadid após os confrontos durante a manhã, informou uma fonte dos serviços de segurança à televisão estatal síria.
Os confrontos de julho evidenciaram um dos principais desafios do presidente interino Ahmad al Sharaa, o líder islamista de uma coalizão de rebeldes que derrubou o presidente Bashar al Assad em dezembro, após quase 14 anos de guerra civil.
As minorias sírias expressaram preocupação com sua segurança com a chegada de Al Sharaa ao poder.
As novas autoridades sírias prometeram proteger todos os grupos étnicos e religiosos do país, mas o assassinato de mais de 1.400 alauitas e a violência em Sweida aumentaram as dúvidas e temores.
Segundo o OSDH e os moradores de Sweida, Damasco impôs um cerco à província. A ONG acusou as autoridades de "impor um bloqueio à província para subjugar seus habitantes".
Os moradores de Sweida organizaram protestos na sexta-feira para exigir a retirada das forças governamentais e a abertura de um corredor humanitário a partir da vizinha Jordânia.
A rodovia que liga Sweida a Damasco está bloqueada desde 20 de julho. Damasco acusa grupos drusos pelo bloqueio, mas o OSDH afirma que grupos armados aliados do governo assumiram o controle da área.
A ONU conseguiu enviar alguns comboios de ajuda à província, mas uma fonte do Ministério do Interior declarou neste domingo que o corredor humanitário foi temporariamente fechado "até que a segurança da área seja garantida".