Iceberg perto de Nuuk, na Groenlândia (Odd Andersen/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 11 de março de 2025 às 16h50.
Última atualização em 12 de março de 2025 às 07h05.
A Groenlândia, um território que pertence à Dinamarca, vai às urnas nesta terça-feira, 11, eleger um novo governo. A disputa atrai atenção porque o presidente americano, Donald Trump, tem dito que quer anexar a região aos Estados Unidos.
A votação será encerrada às 19h em Brasília (20h na hora local). Logo após isso, deverão ser divulgados resultados iniciais. O vencedor poderá ser conhecido até quarta de manhã, embora os números finais possam levar semanas para serem conhecidos. As cédulas de papel serão transportadas de áreas remotas por barco, trenós, avião e helicóptero, até os centros de votação.
Segundo a BBC, de modo geral, cada local de votação faz sua contagem e envia os resultados locais para a cidade mais próxima, por email, que então repassa os dados para a central de apuração.
A Groenlândia tem 56 mil habitantes, a maioria delas de origem índigena Inuit. Destes, 44 mil estão aptos a votar. Muitos vivem em áreas remotas, onde não há conexão por estradas, pois 80% do território é coberto por gelo.
A independência da ilha não está em votação nesta terça, mas é um dos principais temas da eleição. Os 31 deputados que serão eleitos poderão avançar nos debates sobre o assunto no futuro, que é um dos principais temas políticos do país.
A disputa envolve seis partidos, sendo que cinco deles defendem a independência da Dinamarca, enquanto um defende a situação atual.
Pesquisas apontam que o atual premiê, Mute Egede, deve se reeleger. Seu partido, Inuit Ataqatigiit (IA), tinha 31% de intenções de voto, segundo a BBC. A legenda defende maior autonomia em relação à Dinamarca.
Já o partido de oposição Naleraq defende a independência de forma mais aberta e aponta que um plebiscito sobre o tema pode ser feito daqui a três ou cinco anos.
A região tem eleições desde 1979. Embora tenha autonomia em vários aspectos, a Groenlândia é controlada pela Dinamarca, há mais de 300 anos. Subsídios dinamarqueses representam US$ 565 milhões por ano, ou um quinto do PIB local. A economia depende principalmente da pesca.
Em seu discurso anual ao Congresso, na semana passada, Trump disse que "vamos pegar a Groenlândia, de uma forma ou de outra".
A Groenlândia atraiu maior intenção internacional nos últimos anos por ter reservas de minerais, incluindo as chamadas terras raras, elementos essenciais usados em aparelhos eletrônicos. No entanto, as reservas são consideradas de difícil exploração.
Além disso, o derretimento das geleiras tem ampliado as possibilidades de navegação pela região, o que permite cortar caminho em algumas rotas marítimas, como dos EUA para a norte da Europa.
Há, ainda, uma questão de segurança militar: bases americanas instaladas na região ajudam a monitorar a região do Oceano Ártico e a se defender de eventuais ataques vindos por ali.