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Zelensky volta a pedir trégua aérea e naval com a Rússia após bombardeio massivo contra a Ucrânia

Ofensiva de Moscou foi a mais impactante contra o território ucraniano desde a suspensão da colaboração militar e de inteligência dos EUA com Kiev

Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia (Tetiana DZHAFAROVA/AFP)

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Agência o Globo
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Publicado em 7 de março de 2025 às 10h45.

Última atualização em 7 de março de 2025 às 10h46.

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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, voltou a propor uma "trégua aérea e naval" na guerra com a Rússia nesta sexta-feira, após um novo ataque massivo lançado por Moscou contra a infraestrutura de energia do país entre a noite de quinta e a madrugada — o segundo bombardeio em dois dias a usar mais de 100 mísseis e drones contra o território ucraniano.

O ataque russo acontece um dia após líderes europeus aprovarem um projeto de € 800 bilhões (R$ 4,9 trilhões) para rearmamento do bloco.

"Os primeiros passos em direção à paz real devem incluir forçar a única fonte desta guerra, a Rússia, a parar tais ataques contra a vida. E isso é algo que pode ser efetivamente monitorado. Silêncio nos céus – proibindo o uso de mísseis, drones de longo alcance e bombas aéreas. E silêncio no mar – uma garantia real de navegação normal", escreveu Zelensky em uma publicação na rede social X. "A Ucrânia está pronta para seguir o caminho para a paz. É a Ucrânia que luta pela paz desde o primeiro segundo desta guerra. A tarefa é forçar a Rússia a parar a guerra".

A declaração do presidente ucraniano aconteceu após a confirmação do maior ataque realizado pela Rússia desde que os EUA suspenderam o envio de ajuda militar e compartilhamento de inteligência com Kiev, em decorrência do bate-boca entre Zelensky e o presidente americano, Donald Trump, na Casa Branca. Cerca de 70 mísseis e 200 drones foram disparados contra diferentes zonas do país do Leste Europeu, incluindo Kharkiv, Chernihiv e Ternopil.

A Força Aérea ucraniana disse ter conseguido abater 34 mísseis e 100 drones, mas confirmou danos à infraestrutura energética, principalmente de produção de gás, e a prédios residenciais. O Ministério da Defesa da Rússia indicou, por sua vez, que atacou durante a noite "infraestruturas de energia e gás" que abastecem o "complexo militar-industrial" ucraniano.

Ainda de acordo com o relato da Força Aérea ucraniana, o abate dos projéteis russos foi feito a partir de unidades móveis, mísseis antiaéreos, equipamentos de interferência eletrônica, além de aviões de combate F-16, de fabricação americana, e Mirage 2000, franceses. O modelo europeu foi entregue à Ucrânia no mês passado, e é a primeira vez que se tem confirmação oficial sobre o seu uso.

Sob pressão de Trump, que ensaia uma aproximação com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, Zelensky começou a defender abertamente um cessar-fogo desde terça-feira. Emulando uma ideia apresentada pelo governo francês no fim de semana, o projeto defendido pelo ucraniano teria uma primeira etapa com a libertação de prisioneiros e uma trégua aérea – com banimento de mísseis, drones de longo alcance, bombardeios contra infraestrutura civil, incluindo de energia – e marítima imediata, "se a Rússia fizer o mesmo".

O plano de trégua atraiu interessados importantes. O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que tentou atuar como mediador em diferentes momentos do conflito, afirmou nesta sexta-feira que era favorável ao cessar-fogo, apontando a medida como uma forma de "construir confiança" entre as partes.

Embora tenha enviado uma carta a Trump na qual se disse preparado para encontrar um fim da guerra sob a liderança americana, Zelensky tem feito esforços para fortalecer laços com aliados europeus para que garantir sua segurança. Ele participou da reunião de cúpula de líderes da UE na quinta-feira, em que o bloco anunciou uma série de medidas para aumentar suas capacidades de segurança e defesa.

O Kremlin, por outro lado, tem reagido ao movimento dos europeus, que considera hostis com relação à Rússia. A Presidência condenou o que chamou de "retórica de confronto" da União Europeia nesta sexta-feira, depois do anunciado pacote de rearmamento.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse a jornalistas que a Rússia está observando de perto a UE, dizendo que "está discutindo ativamente o tópico da militarização" e o posicionamento da Rússia como "o principal inimigo" do bloco. Ainda de acordo com o porta-voz, essa postura poderia "ser um tópico de profunda preocupação".

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