Negócios

A estratégia da Pacco para vender 1 milhão de garrafas e virar símbolo de lifestyle saudável

Com a união de saúde, bem-estar e sustentabilidade, marca fundada por Bridilla Gobbi está em 700 pontos de venda e foi fornecedora oficial do COB nas Olimpíadas de Paris

Bridilla Gobbi, fundadora da Pacco: “O medo faz parte do empreendedorismo, mas se você acredita em si mesma, tendo coragem e entusiasmo, já trilhou metade do caminho”

Bridilla Gobbi, fundadora da Pacco: “O medo faz parte do empreendedorismo, mas se você acredita em si mesma, tendo coragem e entusiasmo, já trilhou metade do caminho”

Caroline Marino
Caroline Marino

Jornalista especializada em carreira, RH e negócios

Publicado em 14 de maio de 2025 às 15h00.

Quem ouve a paulistana Bridilla Gobbi falar entende que o propósito não é apenas um detalhe no sucesso de um negócio, mas o ponto de partida. É o que guia a estratégia e a cultura, além de impulsionar a inovação e o crescimento. Fundadora da Pacco, marca com 800 produtos térmicos – das famosas garrafas a copos, potes, coolers, bolsas e acessórios –, ela nunca deixou seus valores de lado para alcançar resultados.

Pelo contrário, eles são as principais alavancas para se diferenciar em um mercado cada vez mais competitivo, no qual companhias como a americana Stanley dividem a atenção do consumidor.

Para isso, aposta na criação de um movimento de saúde, bem-estar e sustentabilidade, indo além da venda para inspirar um estilo de vida com escolhas saudáveis e consciência ambiental. “Desde o início foquei em levar esses princípios ao negócio”, diz. Atualmente, a empresa conta com quase 300 mil seguidores no Instagram, que podem acompanhar conteúdos e dicas sobre os temas, e só em 2024, vendeu mais de 1 milhão de garrafas térmicas, responsáveis por 85% do faturamento.

Criada em 2013, está presente em mais de 700 pontos de vendas pelo Brasil, incluindo um e-commerce e quatro quiosques operados por parceiros autorizados, e cresceu 19 vezes de 2019 para 2024. Além da venda direta ao consumidor, atua no mercado B2B com o desenvolvimento de brindes personalizados para clientes como XP, BTG, Sephora e Weleda. No ano passado, ganhou ainda mais visibilidade ao se tornar fornecedora oficial do Comitê Olímpico Brasileiro nos Jogos Olímpicos de Paris, com a distribuição de garrafas para os 300 atletas da delegação nacional.

À Exame, ela conta o caminho que percorreu até aqui, que incluiu inspiração familiar, outro negócio e um olhar atento ao meio ambiente.

Na mesa de jantar: onde tudo começou

Filha e neta de empreendedores, Bridilla foi criada num cenário no qual ter um CNPJ era tão natural quanto ter um RG, como ela mesma costuma dizer. “Na minha casa, o assunto na mesa de jantar era sempre o negócio”, diz. No início, até tentou seguir uma carreira diferente, mas antes mesmo de saber como desenvolver uma companhia, já dava os primeiros passos nessa direção.

Formada em Moda e por gostar de criação, principalmente envolvendo o reaproveitamento de materiais, começou transformando jeans usados em bolsas. Depois, se tornou fornecedora da TNG e abriu seu primeiro empreendimento, a Diávola, voltada a bolsas autorais e kits corporativos. O negócio não decolou, mas funcionou como laboratório: lá aprendeu a vender, negociar, entender o cliente e a ouvir suas demandas.

O insight para a criação da Pacco

A escuta ativa foi o impulso para a fundação da empresa. Uma amiga com restrições alimentares pediu que Bridilla criasse uma sacola térmica funcional e bonita, algo quase inexistente em 2013. “A ideia fez todo sentido com o que acreditava. Nunca tomei refrigerante e minha lancheira da escola sempre teve pepino, cenoura, erva-doce”, afirma.

As primeiras térmicas foram desenvolvidas em parceria com a nutricionista Alessandra Luglio e logo caíram no gosto do público. O boom veio após um vídeo da influenciadora Gabriela Pugliesi e o estoque inicial esgotou em menos de um mês. “Não esperávamos um avanço tão rápido e, na época, não tínhamos nem site. No início, tudo era feito na garagem da casa da avó de forma simples: etiquetas coladas à mão, planilhas e produção”, lembra.

O nome da empresa, aliás, veio de uma memória afetiva. “Na época da Diávola, desenvolvia e embalava os produtos em uma mesa na casa de meus avôs. Todas as manhãs, meu avô – que enfrentava o Alzheimer –, perguntava em italiano: ‘Ce's questo pacco?’, que significa ‘O que é esse pacote?’”, lembra.

Capacitação e escuta ativa: os segredos para se diferenciar

Com intuito de profissionalizar a empresa, elaborou um site e realizou capacitações. Além de cursos pela internet e muita leitura, participou do Aprender a Empreender e do Empretec, disponibilizados pelo Sebrae. Outro ponto fundamental foi a disponibilidade de conversar (e aprender) com quem já percorreu caminhos semelhantes – desde seus pais, que sempre empreenderam, até os avós do marido, que lideraram multinacionais, e amigos que hoje estão à frente de organizações de sucesso.

No portfólio, destaca três pilares: inovação, autenticidade e diversidade. As garrafas térmicas foram lançadas em 2018, antes da entrada da Stanley no Brasil e, atualmente, a aposta é o mix de produtos. “É difícil um negócio sobreviver com apenas um item”, afirma. No entanto, ressalta a importância de os lançamentos respeitarem a identidade da marca: decidiu, por exemplo, não seguir a tendência do copo Quencher. “O canudo exposto pode acumular bactérias, e isso não condiz com nossos valores.”

Compromisso com o meio ambiente como parte do DNA

A Pacco também busca reduzir seu impacto ambiental. Em 2024, neutralizou 58,64 toneladas de CO₂, recebendo o selo carbono neutro da Carbonext, que atua na preservação da Amazônia. Além disso, compensou 100% do papelão utilizado nas embalagens – 3.929 toneladas –, em parceria com a eureciclo, que oferece soluções para a logística reversa de embalagens. A meta para 2025 é chegar a 6 mil toneladas. Investe, ainda, em materiais recicláveis, duráveis e livres de origem animal, como o papel alemão utilizado na nova linha de bolsas, que substitui o couro com leveza e resistência.

E deixa um conselho às mulheres: “O medo faz parte do empreendedorismo, mas se você acredita em si mesma, tendo coragem e entusiasmo, já trilhou metade do caminho”, finaliza.

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