Negócios

‘A Petrobras baixa o preço, mas a margem fica no caminho’, diz presidente da estatal

Para Magda Chambriard, a companhia perdeu a capacidade de influenciar diretamente o valor final dos combustíveis quando deixou de atuar na distribuição de derivados e petróleo e gás de cozinha

Magda Chambriard, CEO da Petrobras: “Fazer fertilizante significa ampliar o mercado de gás natural. Fazer petroquímica também" (Leandro Fonseca /Exame)

Magda Chambriard, CEO da Petrobras: “Fazer fertilizante significa ampliar o mercado de gás natural. Fazer petroquímica também" (Leandro Fonseca /Exame)

Publicado em 19 de setembro de 2025 às 06h01.

Tudo sobrePetrobras
Saiba mais

Um dos assuntos que mais repercutem sobre a Petrobras é o preço dos combustíveis e do gás. Durante um evento em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, em fevereiro deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que a venda de gasolina, diesel e gás fosse feita diretamente pela estatal, como uma solução para baratear o custo do combustível e do gás para o consumidor.

A Petrobras participava da distribuição de gás de cozinha por meio da Liquigás e de combustíveis líquidos pela BR Distribuidora (hoje Vibra) até 2020.

Em entrevista exclusiva à EXAME, Magda Chambriard, presidente da Petrobras, comenta o tema, enfatizando que a companhia baixa o preço, mas o processo não ajuda o consumidor sentir a diferença no bolso.

“No passado recente, a Petrobras perdeu o acesso à ponta. O país entendeu que era bom a Petrobras sair da distribuição de petróleo e da distribuição do GLP. Quando o país decide isso, decide também que a Petrobras não vai interferir no preço desse produto no mercado”, afirma a presidente da estatal.

yt thumbnail

O caminho do combustível até o consumidor

Atualmente, a Petrobras produz o GLP e combustíveis, mas a revenda é feita por distribuidoras e revendedoras privadas, que são responsáveis por repassar o produto ao varejo. Segundo Chambriard, esse modelo cria uma barreira para que as reduções de preço cheguem às bombas e aos botijões de gás.

“Se a gente abaixa o preço, o que tem acontecido é que a distribuidora aumenta a margem. Ou a revenda, ou ambos. Por isso, apesar da Petrobras abaixar o preço, ele não chega ao consumidor final”, afirma Chambriard.

Saída da Liquigás e debate sobre regulação

Com a atual gestão, a possibilidade de retorno da Petrobras à ponta voltou a ser discutida em agosto deste ano, inclusive dentro do plano estratégico da companhia. A questão envolve, além de viabilidade econômica, o debate sobre regulação e concorrência no setor.

Em nota, a companhia informa que a inclusão do Posicionamento da Petrobras em Distribuição nos segmentos de RTC e G&E e Baixo Carbono, nos seguintes termos:

  • Posicionamento em Distribuição: Atuar em negócios rentáveis e de parcerias nas atividades de distribuição, observadas as disposições contratuais vigentes.
  • Direcionadores do Posicionamento em Distribuição: atuar na distribuição de GLP; integrar com demais negócios no Brasil e no mundo; oferecer soluções de baixo carbono para seus clientes.

O plano: a aposta nos fertilizantes

A companhia está retomando e concluindo as FAFENs — fábricas de fertilizantes — na Bahia e em Sergipe (unidades hibernadas) e finalizando a planta de Mato Grosso do Sul. Segundo a presidente, a volta dessas operações cria um “cliente cativo” para o gás natural ao transformar o insumo em uréia, amônia e derivados, produtos essenciais ao agronegócio.

“Fazer fertilizante significa ampliar o mercado de gás natural. Fazer petroquímica também. Ao mesmo tempo em que colocamos mais gás na praça, ampliamos a demanda", afirma a presidente a Petrobras.

A volta do etanol para este ano

Além do petróleo e do gás, a Petrobras quer retomar protagonismo no etanol. Magda Chambriard lembrou que a companhia foi decisiva para a criação do Proálcool, nos anos 1970, quando o Brasil apostou no combustível renovável como alternativa à gasolina, e que também esteve presente na introdução do biodiesel no início dos anos 2000.

Nos últimos anos, a estatal se afastou desse mercado, mas a presidente revelou que o plano é voltar ainda em 2025 à produção e à distribuição de etanol.

“No passado recente, nós saímos do etanol, mas nossa meta é voltar para o etanol, se Deus quiser, este ano ainda. E vamos também aumentar a nossa participação no biodiesel,”afirma a presidente da Petrobras.

Acompanhe tudo sobre:PetrobrasGásPetróleoEtanol

Mais de Negócios

A família empreende em SC há 140 anos. Agora, herdeiras da 6ª geração planejam faturar R$ 1 bilhão

Ele trocou as aulas de yoga por um negócio milionário com pedras ornamentais

Onda de valorização com a IA abre nova janela de oportunidades para startups

A bolha estourou? Ellison, da Oracle, perde US$ 34 bilhões desde ter (brevemente) ultrapassado Muk