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Bilionários que não conseguem viver com US$ 999 milhões são 'meio sociopata', diz herdeira da Disney

Aos 65 anos, Abigail Disney, filha de um dos fundadores do império do entretenimento, acredita que há uma distorção no sistema econômico atual

Abigal Disney: herdeira divide patrimônio de US$ 130 bilhões com sete primos, segundo estimativas (Michael Kovac/Getty Images)

Abigal Disney: herdeira divide patrimônio de US$ 130 bilhões com sete primos, segundo estimativas (Michael Kovac/Getty Images)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 7 de abril de 2025 às 09h28.

Última atualização em 7 de abril de 2025 às 12h59.

Mesmo fazendo parte de uma das famílias mais ricas do mundo, a cineasta e herdeira Abigail Disney criticou o acúmulo extremo de riqueza em nova entrevista. Aos 65 anos, Abigail afirma que sua própria trajetória ilustra como a concentração patrimonial pode ocorrer por fatores como sorte e brechas fiscais — e não apenas por mérito.

"Todo bilionário que não consegue viver com US$ 999 milhões é meio sociopata", disse a executiva ao jornal britânico The Guardian. Para ela, a facilidade com que fortunas se multiplicam, mesmo sem ação direta dos donos, é um dos principais sinais de distorção no sistema econômico atual.

"Tipo, por quê? Sabe, mais de um bilhão de dólares faz dinheiro tão rápido que é quase impossível se livrar dele. E então, apenas ficando sentado de braços cruzados, você se torna mais bilionário até virar um bilionário duplo. É uma maneira estranha de viver quando você tem objetivamente mais dinheiro do que uma pessoa pode gastar", disse.

Além de seu histórico como filantropa — já doou cerca de US$ 70 milhões para causas sociais —, Abigail Disney atua como integrante do movimento Patriotic Millionaires, que reúne empresários americanos dispostos a defender uma reforma tributária mais rigorosa para os ultrarricos.

Ela também fez campanha para melhorar os salários e as condições dos trabalhadores nos parques temáticos que levam seu sobrenome.

Segundo a herdeira, ela possui ações da Disney, embora não o suficiente para lhe dar influência substancial. Estimativas indicam que ela divide um patrimônio avaliado em US$ 130 bilhões com sete primos.

Décadas de mudança

Embora envolva temas políticos, a crítica de Abigail vai além de partidos ou governos. A herdeira aponta que a idolatria à riqueza, amplificada desde os anos 1980, reconfigurou os valores sociais americanos. "As capas de revistas deixaram de celebrar líderes sociais ou heróis nacionais para exaltar empresários e celebridades", afirmou.

Abigail também citou figuras como Donald Trump e Elon Musk como exemplos de como a riqueza mal administrada pode gerar líderes insensíveis. Ela critica, por exemplo, o impacto de cortes em programas humanitários após decisões influenciadas por Musk, afetando populações vulneráveis globalmente.

Apesar das dificuldades, Abigail acredita que a insatisfação econômica — marcada por inflação e perda de poder de compra — pode estimular uma mudança de mentalidade entre a população. Para ela, o trabalho de reconstruir a confiança social e fortalecer redes locais é essencial para restaurar a vitalidade democrática.

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