Instituto Afya: iniciativa foca em reduzir impacto das Condições Crônicas Não Transmissíveis no Brasil (Fabio H Mendes;/Divulgação)
EXAME Solutions
Publicado em 15 de setembro de 2025 às 16h17.
As Condições Crônicas Não Transmissíveis (CCNTs), como diabetes, doenças cardiovasculares e obesidade, são responsáveis por mais da metade das mortes no Brasil. A mortalidade, além de elevada, é precoce: 41,8% das vítimas têm entre 30 e 69 anos, segundo o Ministério da Saúde, faixa etária considerada produtiva e com alto potencial de recuperação.
Diante desse cenário, a Afya, maior hub de educação e soluções para a prática médica, lançou em agosto o Instituto Afya, entidade sem fins lucrativos reconhecida como ICT (Instituição de Ciência e Tecnologia). A organização vai desenvolver soluções para reduzir o impacto das condições crônicas na população brasileira, por meio de pesquisa, inovação e articulação com diferentes setores.
“O Instituto nasce muito da reflexão sobre o impacto que já geramos como grupo de ensino superior e provedor de soluções focado em medicina. Entendemos que poderíamos amplificar esse impacto com um instituto, articulando parcerias e levando soluções sustentáveis a mais lugares”, reforça Stella Brant, copresidente do Instituto Afya.
O Instituto Afya já integra o Fórum CCNTs, coalizão de mais de 250 organizações que atuam para acelerar a produção e implantação de soluções práticas — desde protocolos clínicos até ferramentas digitais e capacitações regionais.
“Não estamos falando de um problema do futuro. É um problema de agora, com um impacto gigantesco. Por isso, precisamos fortalecer a intersetorialidade e a ação conjunta. Não é só saúde, é educação, mobilidade, segurança alimentar”, destaca Mark Barone, coordenador do Fórum.
O Brasil tem hoje cerca de 16,6 milhões de pessoas com diagnóstico de diabetes mellitus, segundo o Atlas de Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF). Até 2050, esse número pode saltar para 853 milhões em nível global.
A obesidade afeta 28,8% dos adultos brasileiros, com projeção de crescimento para 41% até 2035. Entre crianças e adolescentes, a taxa de crescimento já é de 4,4% ao ano, segundo a World Obesity Federation — uma tendência que pressiona o sistema de saúde.
Nas doenças cardiovasculares, o impacto também é significativo: mais de 400 mil brasileiros morrem por ano devido a infarto, AVC e insuficiência cardíaca. Para Barone, o maior obstáculo hoje é o subdiagnóstico. “Temos menos de 10% de detecção em algumas condições crônicas graves. É como lutar contra um inimigo invisível”, afirma.
Ele acrescenta que mais de 75% das mortes no país têm origem em CCNTs e que 40% poderiam ser evitadas com diagnóstico precoce e tratamento adequado. “Não se trata apenas de escolha individual. Alimentação escolar, tributos, acesso a medicamentos, tudo está conectado.”
O Instituto Afya estruturou sua atuação em dois eixos principais:
- Pesquisa e inovação, voltada para a geração de dados, ao desenvolvimento de estudos aplicados e à criação de tecnologias para a prevenção e o cuidado das CCNTs.
- Engajamento e articulação, com foco na mobilização de parceiros dos setores público, privado e do terceiro setor para testar, adaptar e escalar soluções em larga escala.
“Queremos contribuir para melhorar os indicadores de saúde e ampliar o acesso ao diagnóstico e ao cuidado, com base em evidências científicas e colaboração com governos, empresas, profissionais de saúde e sociedade civil”, afirma Gustavo Meirelles, vice-presidente médico da Afya e copresidente do Instituto Afya.
Além disso, o Instituto aposta fortemente no uso de dados e tecnologia como ferramentas centrais para ampliar o acesso ao cuidado, apoiar decisões clínicas e gerar evidências que orientem políticas públicas.
Um dos diferenciais da iniciativa está na capilaridade da Afya. Com presença em cidades de pequeno e médio porte, como Abaetetuba (PA) e Manacapuru (AM), o Instituto quer levar soluções para regiões com pouco acesso à saúde de qualidade, devido à escassez de profissionais e de investimentos.
Com isso, o Instituto Afya caminha para se tornar um polo de inovação e articulação para reduzir o impacto das Condições Crônicas Não Transmissíveis no Brasil. “O Instituto Afya é um convite para que médicos, profissionais da saúde, gestores, pesquisadores e parceiros estejam juntos em torno de uma causa que impacte diretamente cada vida e, por consequência, toda a sociedade”, reforça Gustavo Meirelles.