Calçados: exportações desaceleram, enquanto importações avançam no Brasil (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de Negócios
Publicado em 20 de agosto de 2025 às 10h39.
Última atualização em 20 de agosto de 2025 às 10h40.
Se a taxação das blusinhas ajudou a conter o avanço das importações e trouxe certo alívio para o varejo de moda, o cenário no setor de calçados é diferente.
Em julho, as importações de calçados somaram 4,2 milhões de pares e US$ 66 milhões, marcando aumentos de 98,5% no volume e de 89,6% na receita em comparação ao mesmo mês de 2024. Este foi o maior volume de importações em termos de valor desde o início da série histórica, em 1997, segundo dados da Abicalçados.
Nos primeiros sete meses de 2025, as importações atingiram 26,58 milhões de pares e US$ 337,8 milhões, registrando um aumento de 27,5% em volume e de 30,5% em receita.
Esse crescimento das importações ocorre em um contexto de queda nas exportações e da aplicação de tarifas de 50% pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros.
Para Haroldo Ferreira, presidente da Abicalçados, o aumento das importações é particularmente preocupante para a indústria nacional de calçados.
“Solicitamos ao Governo Federal a implementação urgente de cotas rígidas, com limites quantitativos de importação, a fim de proteger a competitividade da indústria brasileira diante de uma concorrência desleal, além de preservar os milhares de postos de trabalho gerados pelo setor”, afirmou Ferreira.
As principais origens das importações de calçados em 2025 foram:
Em julho, as importações da seguinte forma se desagregaram:
As exportações do setor somaram 7,18 milhões de pares e US$ 76,74 milhões, registrando quedas de 7,3% e 11,8%, respectivamente, em comparação com 2024.
Nos primeiros sete meses de 2025, as exportações ainda apresentam crescimento, mas em ritmo de desaceleração. Durante esse período, foram exportados 59,88 milhões de pares, gerando US$ 574 milhões, o que representa aumentos de 6,6% em volume e 0,7% em receita, em relação ao mesmo intervalo do ano passado.
Haroldo Ferreira, presidente-executivo da Abicalçados, destaca que a desaceleração das exportações é, em grande parte, um reflexo do aumento da concorrência internacional. Produtos asiáticos, especialmente chineses, estão sendo redirecionados para mercados além dos Estados Unidos, o que tem afetado o desempenho da indústria brasileira em regiões importantes, como Europa e América Latina. "Os exportadores chineses estão redirecionando seus embarques para evitar as sobretaxas impostas nos Estados Unidos, o que tem impactado negativamente o nosso desempenho em mercados-chave", afirma Ferreira.