Negócios

American Airlines é condenada por usar detector de mentiras

Na opinião dos membros do TRT, atitude viola a intimidade e a dignidade dos empregados ou candidatos a um posto de trabalho


	Avião da American Airlines: companhia foi condenada por "danos morais coletivos"
 (Mike Fuentes/Bloomberg)

Avião da American Airlines: companhia foi condenada por "danos morais coletivos" (Mike Fuentes/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de maio de 2014 às 16h23.

Brasília - O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Brasília condenou nesta quarta-feira a companhia aérea americana American Airlines a pagar uma multa de R$ 1 milhão por usar detector de mentiras em testes com funcionários e em entrevistas de emprego no Brasil.

A companhia aérea foi condenada por "danos morais coletivos" porque o uso do detector, na opinião dos membros do TRT, viola a intimidade e a dignidade dos empregados ou candidatos a um posto de trabalho.

O tribunal revogou uma decisão de um juiz de primeira instância da Justiça trabalhista de Brasília que tinha declarado a empresa inocente, segundo um comunicado do Ministério Público do Trabalho (MPT), autor da denúncia e do recurso em segunda instância.

Como a denúncia foi apresentada pelo do MPT Distrito Federal e Tocantins e não pelos afetados pela prática, a empresa condenada terá que depositar a indenização em uma conta judicial que será administrada pelo Ministério Público do Trabalho e terá como objetivo o financiamento de instituições de beneficência.

Os procuradores apresentaram no processo provas que a companhia aérea utilizava o polígrafo para detectar possíveis mentiras nos candidatos a emprego ou em funcionários que seriam transferidos a áreas capazes de comprometer a segurança das operações, como o embarque ou o desembarque de cargas e passageiros.

O juiz relator do processo no tribunal, magistrado João Almilcar, argumentou que o polígrafo é um equipamento falível e que tem potencial para se transformar em um elemento de discriminação nos processos de seleção de funcionários.

O juiz lembrou na sentença que nos Estados Unidos, onde a empresa acusada tem sua sede, a Suprema Corte considera o polígrafo um instrumento inadequado para produzir provas judiciais.

Segundo o magistrado, a conduta da American Airlines viola o direito fundamental das pessoas à dignidade e à intimidade, assim como o livre acesso ao emprego e à subsistência digna.

"As perguntas formuladas aos candidatos invadem sua esfera íntima uma vez que abordam assuntos como hospitalizações, consumo de álcool ou drogas, antecedentes criminais e até a honestidade, o que me parece inadmissível", segundo Almilcar.

A sentença proíbe a empresa de usar o polígrafo em suas testes de seleção de empregados e a divulgar essa decisão nos órgãos internos de comunicação.

Os magistrados estabeleceram uma multa de R$ 10 mil que a companhia aérea terá que pagar cada vez que utilizar o detector de mentiras daqui pra frente.

A American Airlines pode recorrer contra a condenação perante o Tribunal Superior de Trabalho, mas a companhia se absteve de divulgar sua posição com o argumento que não comenta assuntos legais. EFE

Acompanhe tudo sobre:EmpresasCarreira jovemAviaçãocompanhias-aereasentrevistas-de-empregoMudança de empregoMentirasAmerican Airlines

Mais de Negócios

20 franquias baratas a partir de R$ 4.990 para abrir até o Natal

Os planos desta empresa para colocar um hotel de R$ 70 milhões do Hilton em Caraguatatuba

Conheça os líderes brasileiros homenageados em noite de gala nos EUA

'Não se faz inovação sem povo', diz CEO de evento tech para 90 mil no Recife