Negócios

Sem renda, ela encontrou no crochê uma saída – e hoje fatura R$ 5 milhões

Desempregada e com depressão, Juliana Sanches começou a praticar artesanato como um refúgio; tudo mudou quando ela vendeu o primeiro boneco por R$ 100

Juliana Sanches, da Caco Amigurumi: empreendedora planeja vender os bonecos prontos ainda em 2025, mas hoje foca em cursos

Juliana Sanches, da Caco Amigurumi: empreendedora planeja vender os bonecos prontos ainda em 2025, mas hoje foca em cursos

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 28 de fevereiro de 2025 às 09h00.

Última atualização em 28 de fevereiro de 2025 às 14h00.

Juliana Sanches não planejava ser empresária. Em 2018, sem emprego e enfrentando uma depressão, encontrou no crochê uma forma de aliviar o peso da rotina. O que começou como um refúgio virou um negócio milionário.

Hoje, aos 32 anos, a mineira ensina outras mulheres a faturar com amigurumis – pequenos bonecos de crochê – e quer expandir sua marca para o exterior.

O negócio cresceu rápido. Em 2024, Sanches faturou R$ 5 milhões e já projeta dobrar a receita em 2025. A estratégia para alcançar esse objetivo inclui novos cursos online e a internacionalização da empresa.

"Quando vendi meu primeiro bichinho, percebi que ali havia uma oportunidade. Investi em redes sociais, montei um site e comecei a ensinar outras mulheres a lucrar com amigurumis", conta a empreendedora.

Sanches está no Canadá fazendo intercâmbio para aprender inglês e lançar seus cursos fora do Brasil. “Quero que mais mulheres descubram o poder do artesanato. Se eu consegui sair do fundo do poço com isso, outras também podem”, afirma.

A dificuldade que levou ao sucesso

Natural de Minas Gerais, Juliana Sanches passou a infância no interior do Pará. Aos 16 anos, conseguiu uma bolsa de estudos e se mudou para a Bahia, onde se formou em administração. Casou-se jovem e conseguiu o primeiro emprego na área, ganhando um salário mínimo.

Em 2015, decidiu pedir demissão para estudar para um concurso público. Foi aprovada, mas nunca chamada. Sem renda fixa, começou a vender caricaturas, pães e bolos para complementar o orçamento da casa.

A chegada do primeiro filho trouxe um desafio maior: com dificuldades financeiras, a família precisou morar de favor na casa da mãe de Sanches, em uma favela no interior de Goiás.

A situação a levou a um quadro de depressão. “Eu me sentia inútil, presa em casa, sem perspectiva. Meu marido também não ganhava o suficiente para pagar terapia, então eu tive que encontrar um jeito de sair daquela situação sozinha”, relembra.

O amigurumi que mudou tudo

Em 2018, procurando um presente especial para o filho autista, Sanches descobriu os amigurumis no YouTube. O material era barato e o processo, terapêutico. Ela fez uma raposa de crochê e decidiu tentar vendê-la por R$ 100 em um grupo do Facebook. O custo de produção havia sido de apenas R$ 20.

O resultado foi um estalo: se vendesse mais, poderia transformar aquilo em renda. "Passei a produzir bonequinhos para vender online. Dois anos depois, já estava faturando R$ 3 mil por mês apenas com amigurumis", diz a empreendedora. Mas o grande salto veio quando percebeu que ensinar poderia ser ainda mais lucrativo.

O negócio que fatura milhões

Sanches começou a compartilhar seu trabalho no Instagram. Em pouco tempo, seguidoras passaram a pedir dicas sobre como fazer e vender os bonequinhos. A demanda cresceu tanto que, em 2021, ela lançou seu primeiro curso online no site Caco Amigurumi.

O sucesso foi imediato. Em apenas uma semana, faturou R$ 160 mil. Hoje, os cursos — cada "receita" costuma ensinar um boneco diferente e custa entre R$ 20 e R$ 40 representam a maior parte do faturamento da empresa, com ticket médio de R$ 600. Em 2024, o negócio bateu R$ 5 milhões em receita, com mais de 8 mil alunas no Brasil e no exterior.

A venda dos amigurumis físicos ainda não faz parte do modelo de negócios, mas a empreendedora já trabalha para mudar isso. Um projeto de terceirização está em fase de desenvolvimento e deve ser lançado em maio deste ano.

Agora, o foco é crescer ainda mais. A meta de Juliana é dobrar o faturamento e alcançar R$ 10 milhões até o fim de 2025. “O crochê mudou minha vida. Quero levar essa oportunidade para outras mulheres, dentro e fora do Brasil”, afirma.

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