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Após foco no Brasil, Clara capta R$ 400 mi para crescer na América Latina

Ao todo, a empresa de pagamentos mexicana com forte presença brasileira captou R$ 800 milhões em 2025

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 25 de novembro de 2025 às 09h00.

A fintech mexicana Clara acaba de anunciar um investimento de US$ 70 milhões (aproximadamente R$ 378 milhões na cotação atual) para crescer no México e na Colômbia com cartões corporativos e outros produtos de pagamento.

Em abril, já havia recebido outro financiamento de US$ 80 milhões. Agora, são US$ 150 milhões captados em 2025, o equivalente a R$ 810 milhões no momento de publicação desta matéria.

A rodada atual vem de um financiamento de três instituições: BBVA Spark (área de inovação do banco espanhol), o banco digital mexicano Covalto e a International Finance Corporation (IFC), ligada ao Banco Mundial.

Esse novo crédito é uma dívida estruturada – ou seja, a Clara não vendeu parte da empresa para receber o valor.

Com esse montante, a Clara quer acelerar produtos como cartões, pagamento de contas e gestão de despesas empresariais em tempo real.

A fintech foi lançada em 2021 e hoje atende mais de 20 mil empresas. Nasceu no México, mas atua em toda a região hispano-americana.

A Clara, inclusive, considera o Brasil como sua principal base. Desde 2023, sua sede fica em São Paulo.

O País já representa 40% das operações da empresa, praticamente o mesmo que o México.

A empresa atende mais de 10 mil companhias brasileiras, entre elas BV, CNA, Minerva e Chilli Beans. A ideia agora é crescer além do eixo Rio–São Paulo e chegar a empresas de outros setores e regiões.

O que a Clara faz?

A Clara oferece uma plataforma completa para empresas controlarem gastos. Tudo é integrado ao sistema financeiro da empresa, evitando o uso de planilhas manuais.

Além da emissão de cartões corporativos, permite realizar pagamentos, automatizar reembolsos, acompanhar o orçamento em tempo real e gerar relatórios com poucos cliques.

Há ainda funcionalidades como limites personalizados por colaborador, gestão centralizada por centro de custo e integração com sistemas contábeis.

“Queremos eliminar as tarefas repetitivas para que o time financeiro possa focar no que importa”, diz Gerry Giacomán Colyer, CEO da empresa.

País das fintechs?

Quando o assunto é tecnologia financeira, o Brasil é referência mundial. Segundo a Distrito, 55,9% das startups financeiras estão aqui. Em segundo lugar vem o México, com 18,7%.

O avanço de empresas como a Clara podem indicar uma mudança nesse cenário (ou pelo menos uma competição mais acirrada).

Das cinco maiores rodadas de investimento em fintechs na região em 2025, quatro foram em empresas mexicanas — incluindo o investimento de US$ 80 milhões da Clara, anunciado em abril.

Hoje, a fintech tem investidores de peso como Kaszek, Monashees, Canary, Goldman Sachs, DST Global e General Catalyst.

Na outra ponta está a Colômbia. Apesar de menor, o país avança em infraestrutura digital e tenta acelerar a própria transformação financeira.

Desde 2022, a Clara acompanha de perto a evolução do novo sistema de pagamentos instantâneos, inspirado no Pix e lançado oficialmente dois meses atrás.

A empresa vê esse tipo de ferramenta como peça-chave para escalar a operação por lá. Mas no centro da operação está o Brasil — mercado mais maduro, mas também mais competitivo. Por aqui, a fintech compete com startups como Creditas e Conta Azul.

O que vem por aí?

O novo financiamento da Clara também tem metas sociais.

A IFC, uma das financiadoras, exige que parte dos recursos seja destinada a empresas fundadas por mulheres ou lideradas por grupos sub-representados.

“Queremos ser porta de entrada para a digitalização financeira de todos os negócios”, diz Colyer.

O BBVA Spark, do grupo espanhol, apoia a expansão na Colômbia.

Já o Covalto, banco mexicano focado em PMEs, aposta no fortalecimento da economia local.

“Não nos vemos como estrangeiros. Vemos o Brasil como nossa casa. O que construímos aqui está servindo para toda a região”, afirma o CEO.

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