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Após perder o pai, dentista aposta na estética natural e quer faturar R$ 4 milhões

Com mais de cinco mil pacientes atendidos, incluindo a atriz Paolla Oliveira e o influenciador Felipe Theodoro, Raquel Lopes desenvolveu métodos exclusivos e já mira a internacionalização

Raquel Vicente Lopes, fundadora da Clínica RV: “Tenha um mentor e lembre-se sempre: não é fácil, mas é possível. Nós, mulheres, temos um jeito de liderar mais compatível com o cenário social atual. Por sermos, geralmente, mais empáticas, conseguimos ser ótimas gestoras. Também costumamos ser resilientes diante dos altos e baixos de uma empresa. Não tenha medo e se prepare para os desafios”

Raquel Vicente Lopes, fundadora da Clínica RV: “Tenha um mentor e lembre-se sempre: não é fácil, mas é possível. Nós, mulheres, temos um jeito de liderar mais compatível com o cenário social atual. Por sermos, geralmente, mais empáticas, conseguimos ser ótimas gestoras. Também costumamos ser resilientes diante dos altos e baixos de uma empresa. Não tenha medo e se prepare para os desafios”

Caroline Marino
Caroline Marino

Jornalista especializada em carreira, RH e negócios

Publicado em 12 de maio de 2025 às 14h00.

O Brasil é o segundo país que mais realiza procedimentos estéticos no mundo, ficando atrás somente dos Estados Unidos, segundo a International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS). Mas, na contramão da busca pela beleza e pelo rejuvenescimento por meio de intervenções não cirúrgicas, como botox e preenchimento, cresce o movimento de quem deseja revertê-las ou suavizá-las.

A chamada “desarmonização” vem ganhando muitos adeptos, assim como sorrisos mais autênticos. É nesse cenário que a dentista carioca Raquel Vicente Lopes se destaca. À frente da Clínica RV, na zona oeste do Rio de Janeiro, ela se tornou referência em procedimentos mais naturais, como lentes de porcelana e estética regenerativa. Fundada em 2022, soma mais de cinco mil pacientes atendidos, incluindo celebridades como a atriz Paolla Oliveira e o influenciador Felipe Theodoro.

“Sou procurada por pessoas que não se identificam mais com a aparência depois das intervenções e querem resgatar a naturalidade”, conta. Além da criação de protocolos exclusivos, realiza mentorias, presta serviços a outros dentistas e desenvolve produtos personalizados em seu laboratório de impressão 3D.

O plano, agora, é atingir R$ 4 milhões de faturamento em 2025, um aumento de 60% em relação aos R$ 2,5 milhões registrados no ano passado. Entre as iniciativas para atingir esse objetivo estão o lançamento de uma linha de produtos voltada aos pacientes e o desenvolvimento de uma solução digital exclusiva para profissionais da saúde que desejam empreender, mas não sabem por onde começar. A internacionalização também está no planejamento da empresária.

Uma perda como impulso para se reinventar

Formada em Odontologia, com especialização em Cirurgia e Reabilitação Oral, Raquel atua na área há 17 anos. Chegou a trabalhar em consultórios de parceiros e, em 2010, incentivada pelo pai, abriu sua primeira clínica, ao lado do ex-marido, e ficou conhecida pelas lentes de porcelana mais naturais que elaborava. “Meu pai era comerciante e me ensinou muito sobre gestão, já que a faculdade é extremamente tecnicista e não prepara para o empreendedorismo”, diz.

No entanto, na época, apesar de tudo parecer caminhar bem, ela não estava feliz. “Meu casamento passava por uma crise e até minha exposição nas redes sociais era controlada”, conta. Quando teve coragem de se separar, em 2018, ainda manteve por um tempo a sociedade com o ex-marido, que também era dentista. A grande transformação, com a redescoberta de sua identidade e autoestima, veio durante a pandemia e com a perda do pai para a doença que matou mais de 700 mil brasileiros.

O consultório permaneceu fechado por um período e, no retorno, ainda era necessário lidar com os riscos de contaminação e com o uso obrigatório de EPIs. Sem a equipe de assistentes e contando somente com o apoio do atual marido, que não é da área, precisou se reinventar e encontrar forças até então desconhecidas para seguir em sua trajetória. “Percebi que meu pai vivia em mim, que eu era mais parecida com ele do que imaginava – e a força empreendedora surgiu. Foi assim que me reencontrei como mulher e profissional e, hoje, uso o meu trabalho para ajudar outras mulheres a também se reinventarem”.

Redes sociais e inovação guiam o crescimento

Para se diferenciar no mercado e atrair a clientela que, atualmente, vem de outros Estados e até de fora do Brasil, desenvolveu dois protocolos exclusivos. Um deles é o Método Eleve.se, criado para realçar o sorriso, sem exageros ou padronizações, para promover uma mudança sutil. “Desenho cada sorriso no computador, utilizando a fotografia do paciente e transformando-a em um modelo 3D no nosso laboratório digital. Esse processo permite simulações realistas, garantindo  personalização e excelência”, diz.

Há, ainda, o Renove.se, que combina ciência regenerativa, técnicas estéticas avançadas e orientações de estilo de vida para promover um rejuvenescimento completo e natural. “A ideia é oferecer resultados expressivos e duradouros que atuam de dentro para fora, proporcionando uma aparência jovem e saudável ao longo dos anos”, afirma.

A consolidação desses protocolos se aliou a uma estratégia robusta de posicionamento digital. Com 60 mil seguidores no Instagram, ela conta com um profissional de mídias sociais em tempo integral na clínica. Também investiu na estruturação de uma área comercial e na contratação de um concierge, especialista em atendimento personalizado, que fica disponível para tirar dúvidas ou oferecer suporte.

A força da liderança feminina

Para chegar ao patamar atual, no entanto, enfrentou obstáculos. “Gerir pessoas e estruturar processos foram os maiores desafios”, diz. Raquel procurou um mentor e hoje faz parte de um grupo de empresários de todo o Brasil com o foco no desenvolvimento de negócios, trocas de expertises e aprimoramento de gestão.

Como conselho para outras empreendedoras, reforça a importância de estudar gestão e buscar conexões que possam acelerar processos. “Tenha um mentor e lembre-se sempre: não é fácil, mas é possível. Nós, mulheres, temos um jeito de liderar mais compatível com o cenário social atual. Por sermos, geralmente, mais empáticas, conseguimos ser ótimas gestoras. Também costumamos ser resilientes diante dos altos e baixos de uma empresa. Não tenha medo e se prepare para os desafios”, conclui.

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