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Após ser vendida à Nestlé, esta empresa quer levar a creatina para o supermercado — e crescer 10x

Marca quer ampliar capilaridade e estar presente em 3.000 pontos de venda com foco na saudabilidade no varejo

Rafael Pizzato, presidente da Puravida: “A creatina e o whey são os carros-chefe, mas temos soluções para diferentes necessidades, como o Blue Calm, voltado ao relaxamento e sono restaurador” (Nestlé/Divulgação)

Rafael Pizzato, presidente da Puravida: “A creatina e o whey são os carros-chefe, mas temos soluções para diferentes necessidades, como o Blue Calm, voltado ao relaxamento e sono restaurador” (Nestlé/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 28 de maio de 2025 às 10h22.

Por muito tempo, comprar um suplemento exigia alguma dose de convicção. Era preciso saber o que procurar, por que usar e onde encontrar. Whey, creatina, colágeno: tudo isso habitava prateleiras de lojas especializadas ou páginas de e-commerce, longe da rotina de quem só queria encher a despensa do mês.

Mas esse cenário está mudando.

A Puravida, marca brasileira de suplementos naturais, quer estar no centro dessa transformação. Após ser adquirida pela Nestlé em 2022 — à época, com um faturamento de 300 milhões de reais — a empresa se prepara para levar seus produtos às gôndolas dos supermercados e se tornar a principal referência em saudabilidade no varejo alimentar — o supermercado.

A meta é crescer 10 vezes nos próximos três anos com varejo alimentar.

“A gôndola de saudáveis no supermercado precisa evoluir", afirma Rafael Pizzato, presidente da Puravida. "Não pode mais ser só um canto com granola e açúcar mascavo. O consumidor mudou, e a loja precisa refletir isso”.

A ideia é que suplementos como whey e creatina, hoje associados a academias e públicos de nicho, passem a figurar entre os itens da rotina de quem busca saúde, saciedade e longevidade — mesmo sem praticar crossfit.

Qual é a história da Puravida

A história da Puravida começa há 10 anos, com dois fundadores e uma proposta ambiciosa: traduzir ciência e inovação em produtos que melhorassem a qualidade de vida das pessoas.

Surgiu como marca digital, vendendo direto ao consumidor. “Fomos pioneiros nessa narrativa. Falávamos de nutrição e bem-estar de forma acessível, antes do tema virar mainstream”, diz Pizzato.

A chegada da pandemia foi um divisor de águas. O interesse por alimentação saudável e suplementação explodiu. “Houve uma transformação cultural. As pessoas começaram a entender a importância de cuidar do corpo como forma de proteção”, afirma.

O crescimento acelerado atraiu um fundo de private equity, que ajudou na profissionalização da operação. Depois, em 2022, veio o passo decisivo: a aquisição pela Nestlé.

Hoje, a Puravida integra a divisão global de Health & Science da multinacional suíça. No Brasil, atua com mais de 150 produtos, incluindo suplementos de sono, performance, imunidade e nutrição diária.

“A creatina e o whey são os carros-chefe, mas temos soluções para diferentes necessidades, como o Blue Calm, voltado ao relaxamento e sono restaurador”, diz.

Qual é a estratégia de crescimento da Puravida

A estratégia de crescimento no varejo alimentar começa a ser executada no segundo semestre de 2025.

Com apoio da estrutura comercial da Nestlé, a marca pretende ampliar a capilaridade de forma rápida e eficiente, focando redes que já investem em gôndolas de saudáveis.

“A Nestlé está em 99% dos lares brasileiros. Isso nos dá uma vantagem competitiva enorme", diz Pizzato. "Sempre foi um desejo nosso usar essa fortaleza para democratizar o acesso aos nossos produtos”.

A empresa já vinha testando esse movimento com projetos-piloto em redes como St. Marche, redesenhando a lógica da exposição de produtos saudáveis nas lojas.

A experiência em farmácias também serviu de laboratório. Hoje, a Puravida está presente em cerca de 70% das lojas da Raia Drogasil, por exemplo, onde participou da construção da categoria de saudáveis. “As farmácias entenderam que podem ser mais que balcão de remédio. Agora queremos mostrar que o supermercado também pode ser mais que prateleira de ultraprocessado.”

Qual é o pano de fundo da estratégia

O movimento da Puravida tem como pano de fundo uma tendência clara: a mudança de perfil do consumidor. A suplementação deixou de ser uma prática restrita a atletas e se espalhou por diferentes faixas etárias e perfis de consumo. “Hoje, quem toma creatina não é só quem treina pesado. É quem quer envelhecer melhor, dormir melhor, pensar melhor”, diz o presidente da Puravida.

Nos Estados Unidos, essa transição já aconteceu. Produtos antes considerados de nicho ganharam espaço fixo nas seções de saudáveis de grandes varejistas.

“Lá fora, supermercados já têm categorias bem estruturadas. A creatina está do lado das vitaminas, o whey ao lado dos chás funcionais. É isso que queremos construir aqui”, diz.

No Brasil, o setor ainda tem um bom mercado para conquistar. Segundo dados da Abiad, a associação do setor, os suplementos estão presentes em 59% dos lares brasileiros e devem crescer 8% ao ano. Mas a visibilidade no varejo de massa ainda é limitada — e a Puravida quer sair na frente. “Queremos liderar esse novo ciclo. O consumidor está pronto, falta o mercado acompanhar.”

A meta para os próximos anos é clara: ganhar capilaridade no varejo alimentar, consolidar a posição nos canais já existentes e continuar educando o consumidor. Com o apoio da Nestlé.

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