Repórter
Publicado em 25 de setembro de 2025 às 10h00.
Uma startup brasileira que ajuda empresas a controlar o uso de "robôs" (aquelas IAs que ajudam a automatizar tarefas repetitivas, ou agentes) está recebendo atenção global.
A BotCity acaba de anunciar uma captação Série A de R$ 65 milhões, liderada pelo fundo americano Four Rivers. Também participaram da rodada a Y Combinator (uma das maiores aceleradoras do mundo), Astella, Upload e outros investidores estratégicos.
Em um mundo onde a inteligência artificial está transformando como trabalhamos, a startup encontrou uma forma de ajudar as empresas a controlar o uso de automações feitas com IA — como aquelas feitas em Python, mais simples e versátil do que outras linguagens de programação e, portanto, bastante utilizada — sem engessar a inovação.
Imagine, por exemplo, um agente de IA que automatiza o preenchimento de um relatório mensal de gastos da companhia. Ele ajuda a economizar tempo, mas há sempre o risco de erro ou até possivelmente o vazamento de dados sensíveis.
É aí que entra a BotCity. Ela criou uma plataforma que ajuda as empresas a controlar e organizar essas automações. Ou seja, ela ajuda as empresas a saber o que está sendo feito e se tudo está funcionando corretamente.
A história da BotCity começa com dois fundadores com trajetórias bem diferentes, mas com um interesse em comum: usar a tecnologia para resolver problemas reais.
O paulista Lorhan Caproni, biólogo molecular de formação, fundou antes da BotCity uma empresa social voltada para o impacto, que conecta ONGs a institutos, chamada Phomenta.
De Campinas, o sócio Gabriel Arcanjo é um especialista em tecnologia, com mestrado em inteligência artificial na Unicamp e experiência com projetos open source usados globalmente.
Eles se conheceram em 2013 e, ao longo de anos de conversas e colaboração, perceberam que podiam trabalhar juntos para algo maior.
"Queríamos usar a tecnologia de forma profunda, algo que realmente impactasse as empresas e as ajudasse a crescer sem perder o controle", diz Caproni.
A empresa abriu as portas em 2017, já tentando ajudar empresas a gerenciar automações cinco anos antes do lançamento do ChatGPT.
Foi com o lançamento das ferramentas de IA generativa que a BotCity viu uma oportunidade para o negócio escalar de vez.
Do final de 2022 para cá, o uso de inteligência artificial tem sido incentivado no ambiente de trabalho.
Em 2024, uma pesquisa feita pelo LinkedIn, em parceria com a Microsoft, mostrou que 83% dos trabalhadores brasileiros já utilizam ferramentas de IA no trabalho – superior à média global de 75%.
Além do uso de chatbots, muitas pessoas dentro das empresas começaram a criar as próprias automações em Python, sem a ajuda do time de TI.
O problema é que maioria dessas automações rodam 'soltas' e sem controle, o que gera riscos para a segurança e compliance das empresas.
“De repente, tínhamos empresas criando milhares de scripts em Python, e a TI não conseguia mais acompanhar. A IA deu poder para todos na empresa, não só para os programadores”, diz Lorhan.
O grande atrativo da BotCity está em permitir que a inovação continue, mas de uma forma que não comprometa a governança da empresa.
A plataforma oferece às equipes de TI e compliance uma forma de monitorar e auditar as automações que estão acontecendo sem precisar “barrar” a criatividade das equipes.
Algumas grandes empresas já usam a BotCity.
O banco digital PicPay, por exemplo, usa a plataforma para gerenciar mais de 300 automações em sua operação.
A Bayer, gigante do setor farmacêutico, também já aplica a BotCity para garantir que todos os processos automatizados sejam auditados e monitorados com segurança.
Com o dinheiro da rodada de R$ 65 milhões, a BotCity está lançando o BotCity Sentinel, uma ferramenta que ajuda a encontrar e centralizar as automações criadas sem o controle da TI.
O objetivo é evitar que processos rodem sem a supervisão adequada e ajudar as empresas a garantir que tudo esteja funcionando de forma segura e dentro das regras.