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Brasileiros estão consumindo menos chocolate — e a culpa é do cacau

Com o aumento do preço do cacau, brasileiros compram menos chocolate e preferem porções menores em 2025

Chocolates: consumo no Brasil enfrenta desafios com aumento de preços e mudanças de hábito (Montagem EXAME/Canva)

Chocolates: consumo no Brasil enfrenta desafios com aumento de preços e mudanças de hábito (Montagem EXAME/Canva)

Raphaela Seixas
Raphaela Seixas

Estagiária de jornalismo

Publicado em 7 de julho de 2025 às 12h35.

Última atualização em 7 de julho de 2025 às 13h50.

O Brasil vive uma relação de amor e desafio com o chocolate em 2025. No Dia do Chocolate, comemorado nesta segunda-feira, 7, o índice do Intercontinental Exchange (ICE) e CME Group mostra que apesar da paixão nacional pelo doce, que está presente em quase 93% dos lares brasileiros, o consumo de chocolate enfrenta uma mudança significativa: os brasileiros estão comprando menos em volume e optando por porções menores.

Essa transformação no hábito de consumo é reflexo direto da alta histórica nos preços do cacau, matéria-prima fundamental para a produção do chocolate, que subiu 174,7% em 2024.

De acordo com dados recentes da Worldpanel by Numerator, o consumo domiciliar de chocolates no Brasil caiu 19% em volume no primeiro trimestre de 2025, enquanto o valor médio por quilo subiu 17%, pressionando o orçamento do consumidor. Curiosamente, a retração foi menos acentuada quando analisada em unidades (-10%), o que indica que os brasileiros estão preferindo embalagens menores — produtos com até 60g cresceram 2%, enquanto os tamanhos maiores recuaram 4,8%.

Essa estratégia permite que o consumidor mantenha o prazer do chocolate, mas com menor impacto financeiro. O preço médio por unidade subiu apenas 3%, reforçando essa tendência de moderação.

Segmentos mais afetados e mudanças no consumo

A redução no consumo atinge todas as classes sociais, com destaque para consumidores acima de 40 anos e sem crianças em casa, que tradicionalmente sustentam o consumo regular, mas agora adotam uma postura mais cautelosa.

Além disso, o chocolate começa a perder espaço no lar para outros doces populares, como leite condensado, creme de leite, bolos industrializados e leite em pó — produtos mais versáteis e, muitas vezes, mais acessíveis para o preparo de receitas.

O impacto da crise do cacau e o preço do chocolate

Esse comportamento reflete o impacto da crise global do cacau, que, somado à desvalorização do real frente ao dólar — que passou de R$ 5 para R$ 5,80 em um ano —, elevou o preço do chocolate no Brasil ao maior patamar em mais de uma década.

Na Páscoa de 2025, por exemplo, o aumento médio do chocolate foi de 18,9%, o maior reajuste em 13 anos, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Isso provocou uma leve retração nas vendas, interrompendo uma sequência de crescimento que vinha desde 2021.

Apesar desses desafios, o chocolate mantém sua posição como um item essencial na despensa dos brasileiros. Dados da Kantar Worldpanel indicam que a penetração do chocolate nos lares brasileiros cresceu de 85,5% em 2020 para 92,9% em 2024, e a frequência de consumo semanal aumentou de 56% para 65% no mesmo período.

Cada brasileiro consome, em média, 3,9 kg de chocolate por ano, o maior índice dos últimos cinco anos, conforme a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab).

O desafio do setor e a busca por alternativas

Para o setor, o desafio é claro: buscar alternativas para reconquistar o consumidor diante do cenário de preços elevados e mudanças de hábito. Isso passa por inovação em formatos, ofertas acessíveis e estratégias que valorizem a experiência do consumidor, sem abrir mão da qualidade e da tradição que o chocolate representa.

Como destaca Yuri Parra, gerente de contas da Worldpanel by Numerator, “a combinação entre alta de preços e mudanças de hábito desenha um novo panorama para o setor de chocolates, que deve buscar alternativas para reconquistar o consumidor — seja por meio de novos formatos, seja por meio de ofertas acessíveis ou estratégias de valor percebido”.

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