Caravana Sebrae Delas: evento em Vitória reuniu 4 mil mulheres com foco em inspiração, crédito e capacitação.
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Publicado em 25 de novembro de 2025 às 15h00.
Com o mantra “a abundância entra na minha vida de maneiras surpreendentes e milagrosas” sendo entoado por cerca de 4 mil mulheres, a atriz e empreendedora Giovanna Antonelli subiu no palco do evento EMPODERAdonas, em Vitória, para trazer ao Espírito Santo a Caravana Sebrae Delas.
Justamente no Dia do Empreendedorismo Feminino, 19 de novembro, Giovanna compartilhou as histórias de 30 anos de profissão, marcados por acertos, erros e sucessivas reinvenções. Tendo começado a empreender a partir da carreira artística, hoje compartilhar estratégias é, para ela, uma forma de devolver ao público a transformação que viveu.
Desde jovem, a atriz precisou “correr atrás”, experiência que moldou sua mentalidade e alimentou a paixão pelo trabalho. Mas, antes de tudo, ela destaca que é importante se perguntar: “O que eu quero dizer? O que me move?”. A resposta de Giovanna é clara: seu propósito, “impulsionar e impactar pessoas”.
Para motivar as empreendedoras, a atriz afirma que é preciso acreditar naquilo que se quer, mesmo quando as pessoas ao redor não incentivam. Giovanna contou que um dos nãos que recebeu ao longo da carreira foi decisivo para o seu sucesso: o teste para interpretar Capitu, de Laços de Família, em que foi rejeitada, a princípio, por “não ser bonita o suficiente para a personagem”.
“Todo mundo só vê o sucesso, mas ninguém enxerga a caminhada. Quem vê palco não vê bastidor”, disse. A perseverança fez o “não” virar “sim” meses depois, quando a produção procurou por uma atriz com perfil “comum” — e se lembrou de sua insistência e talento. Por isso, para ela, o espetáculo da vida acontece nos bastidores, onde se decide seguir, insistir e se refazer.
Giovanna reforçou que empreender, na arte ou nos negócios, exige foco, intuição e coragem para escolher bem a quem ouvir. “Não dá para ouvir crítica construtiva de quem nunca construiu nada”. O recado central veio em tom enfático: “Você é o seu sucesso. Acredite em você. Mas tem que correr atrás.”
Sendo aplaudida pela plateia que se sentiu inspirada, a atriz finalizou a palestra dizendo que “é preciso pagar o preço”, sem medo de se expor e arriscar. “Pagar o preço vale a pena, então vai com medo mesmo. Olha pra onde ninguém está olhando”.
O conselho da madrinha da Caravana Sebrae Delas para quem empreende ou quer empreender faz lembrar que as mulheres precisam, além de bancar as próprias decisões, de recursos para tirar as ideias do papel. Esse, afinal, é o principal objetivo da organização: inspirar e mostrar que é possível.
A chegada da caravana à Capital capixaba reuniu mulheres para oferecer educação financeira, orientação empresarial e crédito assistido com condições especiais. Mais do que isso, segundo Geórgia Nunes, gerente nacional de Empreendedorismo Feminino, Diversidade e Inclusão do Sebrae, a caravana busca enfrentar um problema persistente no país: mulheres pagam juros mais altos e têm menos acesso ao crédito.
Para solucionar a questão, o Sebrae alterou as regras do FAMPE (Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas), que tradicionalmente cobre 80% dos empréstimos de empreendedores para, em 2025 e 2026, oferecer às mulheres 100% de cobertura, eliminando a necessidade de garantias reais — barreira que historicamente as afasta do sistema financeiro.
“É essencial que as mulheres saibam que têm esse direito e exijam a condição nas instituições financeiras parceiras”, afirmou Geórgia, que também enalteceu a realização do evento em uma data tão significativa: “nesse dia a gente chama as mulheres para celebrarem a força e o futuro do empreendedorismo, que é feminino”.
O superintendente do Sebrae-ES, Pedro Rigo, classificou o evento como “um marco” para o estado. Ele afirmou que a instituição vem aprimorando sua estrutura para oferecer atendimento qualificado às mulheres, reconhecendo desafios específicos como a tripla jornada e as desigualdades no sistema de crédito.
Rigo também reforçou que o FAMPE 100% representa uma mudança concreta neste cenário: “Como muitas mulheres não têm patrimônio para dar em garantia, o Sebrae entra para avalizar o financiamento. Isso reduz o risco e diminui a taxa de juros”.
A gerente de Relacionamento e Institucional do Sebrae-ES, Aline Zanoni, explica que o evento foi pensado para oferecer “tudo o que é necessário ser trabalhado no universo do empreendedorismo feminino para as mulheres”. Uma dessas necessidades é, justamente, preencher lacunas do sistema financeiro. “Muitas mulheres ainda não são bancarizadas ou não possuem histórico financeiro como pessoa jurídica, o que dificulta o acesso ao crédito. A caravana serve justamente para ajudar nisso”.
A medida é vista pelo Sebrae capixaba como necessária e relevante principalmente pela força do empreendedorismo feminino no estado. Hoje, no Espírito Santo, os negócios liderados por mulheres representam um terço de todos os empreendimentos. São mais de 190 mil empreendedoras que geram renda, empregos, e acesso à diversidade, visto que, segundo Zanoni, “mulheres costumam incentivar outras mulheres”.
Para a vice-prefeita de Vitória, Cris Samorini, o empreendedorismo feminino é tão significativo que já ultrapassa a fase de debate e avança para um ambiente de resultados reais. Segundo ela, para avançar ainda mais, diferentes setores devem se unir para oferecer capacitação e investir em políticas públicas que possibilitem a inserção - ou reinserção - da mulher no mercado de trabalho.
A empresária do ramo da beleza Natalia Beauty, conhecida pela “sobrancelha de R$ 12 mil”, compartilhou as três dicas principais para quem deseja empreender:
Para ela, que saiu das dívidas e hoje tem as próprias empresas de maquiagem e ensino, o maior aprendizado é não comparar o próprio processo ao resultado dos outros. “Às vezes a gente se perde olhando o que o outro tá colhendo, enquanto a gente tinha que estar plantando. Então foca no seu plantio, rega a sua plantação que você vai colher.”