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Carrefour cresce mais e pressiona Pão de Açúcar

Para analistas, Carrefour se beneficia dos formatos de lojas que mais têm tirado vantagem na crise: o atacarejo, uma mistura de atacado com varejo


	Carrefour: desempenho do supermercado se beneficia do "atacarejo", uma mistura de atacado com varejo
 (Balint Porneczi/Bloomberg)

Carrefour: desempenho do supermercado se beneficia do "atacarejo", uma mistura de atacado com varejo (Balint Porneczi/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2015 às 10h37.

São Paulo - A depreciação da moeda brasileira trouxe impactos negativos para os resultados das duas maiores redes de supermercados do País, o Carrefour e o Casino, controlador do Grupo Pão de Açúcar (GPA).

Ambos têm no Brasil sua segunda operação mais importante depois da matriz, na França. Entre analistas, o desempenho do Carrefour foi destaque, porque a rede tem presença maior em um dos formatos de lojas que mais têm tirado vantagem na crise: o atacarejo, uma mistura de atacado com varejo.

Ontem, o Carrefour anunciou queda de 2,8% na receita da América Latina no terceiro trimestre de 2015, em razão de um impacto cambial negativo de 18,5%. Sem isso, o crescimento seria de 16%. O efeito cambial também levou o grupo Casino a reportar anteontem queda de 15,1% na receita do varejo alimentar na América Latina. Se a cotação fosse constante, o crescimento seria de 5,2%.

Os resultados de Casino e Carrefour refletem ainda diferentes ritmos de crescimento das vendas no Brasil. As vendas do Carrefour continuam crescendo mais que as do Grupo Pão de Açúcar, levando analistas a concluir que o GPA tem perdido fatia de mercado. Com o resultado da rival, as ações do Pão de Açúcar caíram 4,79%.

Em seu relatório, o Carrefour reportou que as vendas em lojas abertas há mais de um ano aumentaram 7,4% no Brasil entre julho e setembro na comparação com 2014. O mesmo indicador teve alta de 3,3% no varejo de alimentos do GPA.

Na avaliação do Credit Suisse, os números evidenciam ganho de market share do Carrefour sobre o GPA. Apesar disso, os analistas Tobias Stingelin e Giovana Oliveira veem como positivo o fato das companhias terem conseguido acelerar o ritmo de crescimento, na comparação com o segundo trimestre.

Uma das razões para essa distância na performance das rivais é o atacarejo, segmento em que o Carrefour tem a bandeira Atacadão e o GPA, o Assai.

"Destacamos que o Carrefour tem uma forte operação de atacado de autosserviço pela bandeira Atacadão, que representa cerca de 55% da receita total do Brasil, enquanto o Grupo Pão de Açúcar tem um mix de canais mais diversificado, com 29% das vendas sob a bandeira Assaí", comentaram os analistas da Brasil Plural, Guilherme Assis e Felipe Cassimiro.

A rivalidade entre as duas redes varejistas sempre foi grande, mas ficou ainda maior no ano passado, quando o filho do fundador do GPA, o empresário Abilio Diniz, tornou-se o principal acionista do Carrefour.

Estratégias

Mesmo levando em conta a maior exposição do Carrefour ao atacarejo, o UBS estima que os hipermercados da companhia estejam crescendo mais que a média dos outros formatos de loja do GPA.

O GPA vive hoje um processo de renovação de supermercados e hipermercados da bandeira Extra, buscando retomar o crescimento de vendas nessas lojas, justamente as que vêm registrando os piores resultados na companhia. Em comentário, a equipe de análise do UBS considerou que essas reformas podem continuar ajudando o GPA a crescer e projeta que a atual distância entre o desempenho da companhia e o do Carrefour pode se estreitar. "Vemos riscos crescentes de que a estratégia do GPA de renovar seus hipermercados pode não estar gerando os resultados esperados."

Por meio da assessoria de imprensa, o GPA reforçou que suas vendas estão acima dos indicadores da Associação Brasileira de Supermercados para julho e agosto. Os números, segundo a empresa, mostram que o Pão de Açúcar registra ganhos sucessivos de fluxo de clientes nos últimos dois anos. "E no Assaí, o crescimento de vendas mesmas lojas é de dois dígitos, acima da expectativa. A rede tem acelerado a expansão orgânica com previsão de 10 a 12 novas lojas em 2015." 8,5% foi o quanto avançou o volume médio de vendas nos atacarejos do País no 1º semestre do ano na comparação com o ano passado, segundo dados da Nielsen; para todos os formatos de loja, esse indicador ficou estagnado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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