Édrei Costa, CEO da RPE: “Queremos ser o ‘one stop shop’ do varejo" (divulgação/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 22 de maio de 2025 às 12h01.
O varejo brasileiro vive um momento de transformação acelerada. A digitalização dos processos de venda e a busca por eficiência financeira obrigam varejistas a repensar como oferecem crédito ao consumidor — uma ferramenta poderosa para impulsionar vendas.
Nesse cenário, a plataforma de tecnologia financeira RPE (Retail Payment Ecosystem) se destaca como protagonista. Fundada em 2001, a empresa sediada em João Pessoa se consolidou como líder no segmento de cartões private label (o famoso cartão de crédito para varejistas). Agora, a RPE anuncia a aquisição de sete novas operações para ampliar sua oferta e entregar soluções financeiras mais completas para o varejo.
Com essa estratégia, a empresa prevê faturar 140 milhões de reais em 2025. A RPE possui cerca de 40 milhões de contas cadastrada, com 8 milhões ativas todo mês. A plataforma processa cerca de 250 milhões de transações ao ano, movimentando mais de 20 bilhões de reais em compras.
Entre os 70 clientes da companhia estão os supermercados Tenda Atacado e Muffato, além das varejistas de moda Torra Torra, Caedu e Grupo Avenida.
O impacto do crédito próprio varia conforme o segmento: em alimentos, representa entre 10% e 20% do faturamento; no setor de moda, pode chegar a até 60% das vendas. "O cartão private label se tornou um instrumento crucial para alavancar vendas e fidelizar consumidores", diz Édrei Costa, CEO da RPE.
A história da RPE começa em 2001, quando foi criada sob o nome Neus Tecnologia para desenvolver software em nuvem. "Naquela época, a ideia era quase ficção científica no Brasil", diz o fundador.
Entre 2004 e 2014, a Neus focou em um produto específico: o cartão de crédito exclusivo para varejistas, com soluções como desconto em folha para facilitar o crédito ao consumidor. Foi um período de crescimento e consolidação do modelo, até que em 2014 a empresa vendeu sua operação para a fintech Conductor (então chamada Dock). Édrei Costa, fundador, tornou-se diretor da Conductor e acompanhou a evolução do mercado.
Em 2022, a RPE retomou sua atuação de forma independente, recomprando a carteira de clientes e rebatizando a empresa. Desde então, passou a reforçar sua estratégia de verticalização e integração, incorporando soluções que cobrem toda a jornada do crédito no varejo: captação, aprovação, emissão de cartão, cobrança, atendimento, seguros e análise de dados.
“Queremos ser o ‘one stop shop’ do varejo, onde o lojista encontra todos os produtos que precisa para operar seu próprio negócio financeiro com autonomia e escala,” explica Édrei.
A maior aposta da RPE em 2024 e 2025 foram as aquisições estratégicas que ampliaram sua capacidade tecnológica e de atendimento. A empresa incorporou sete startups e operações especializadas, que antes faturavam entre 5 a 15 milhões de reais por ano e estavam no mercado há 3 a 5 anos.
As adquiridas são:
Essas unidades passaram a operar como negócios independentes dentro do grupo RPE, com sinergias e processos integrados para ampliar a eficiência.
“Com essas aquisições, conseguimos ‘fazer mais com menos’. Isso permite acelerar a inovação, incluindo inteligência artificial, biometria facial para pagamentos e novas formas de aproximação, deixando nossos clientes mais competitivos, quase como bancos digitais,” explica Édrei.
A empresa avalia uma rodada de capital minoritário para acelerar investimentos em tecnologia e formação de talentos, mas sem abrir mão do controle dos sócios fundadores.
Com toda essa infraestrutura, o maior desafio da RPE não está mais na tecnologia, mas na capacitação e operação do varejo. “Já desenvolvemos a tecnologia, agora precisamos ensinar o varejo a usar da melhor forma possível nossos produtos para que eles gerem resultados reais,” diz o executivo.
Para isso, a empresa investe em treinamento e suporte, transformando-se de uma empresa puramente tecnológica em uma organização focada no sucesso do cliente.
A empresa projeta crescimento de 30% ao ano nos próximos três anos. “O mercado de varejo no Brasil tem um potencial gigantesco de transformação financeira. Queremos ser a plataforma que conecta tecnologia, crédito e inteligência para devolver ao varejista o protagonismo sobre seus dados, operações e clientes,” diz Costa.
“Só vamos crescer se o varejo tiver sucesso nessa operação, por isso investimos forte em capacitação, tecnologia e suporte para nossos clientes", conclui.
\