Paulo Freitas, CEO da Tivit: “A nuvem virou um taxímetro. Se não tiver alguém para organizar o uso de dados e controlar os custos, vira um caos” (Tivit/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 9 de maio de 2025 às 09h00.
A transformação digital virou uma corrida sem linha de chegada. Para grandes empresas, o desafio não é mais apenas migrar para a nuvem ou usar IA, mas integrar tudo isso sem travar a operação — e sem estourar o orçamento.
É nesse contexto que a Tivit se movimenta. A multinacional brasileira de tecnologia fechou 2024 com receita bruta de 2,1 bilhões de reais e crescimento de 12%, puxado por áreas como cibersegurança, cloud e inteligência artificial - todas fornecidas por ela a grandes empresas.
Nos últimos dois anos, a Tivit acelerou em segmentos de alta demanda. Serviços gerenciados de cibersegurança cresceram 63% em 2024. Soluções multi-cloud, na nuvem, subiram 25%. E a linha de transformação digital avançou 16%.
“A nuvem virou um taxímetro. Se não tiver alguém para organizar o uso de dados e controlar os custos, vira um caos”, afirma Paulo Freitas, CEO da Tivit. Ele vê uma “adoção quase frenética” de IA e diz que o papel da empresa é simplificar esse movimento para o cliente.
O plano para 2025 é manter o ritmo de dois dígitos, com novos produtos e uma estratégia que combina gestão de múltiplos ambientes com ganho de produtividade. A empresa quer ser a escolha natural para companhias que buscam inovação e eficiência ao mesmo tempo.
A história da Tivit tem ligação com o famoso tenista brasileiro Luiz Mattar. No final dos anos 1990, após 10 anos de carreira como tenista, Mattar decidiu empreender. Começou como investidor em um mix de cervejaria com casa noturna e, pouco depois, entrou na área da tecnologia.
Junto de quatro sócios e com 150.000 reais, abriram a Telefutura, companhia de call center e terceirização de processos de negócios digitais. Nos anos seguintes, a empresa passou a diversificar o portfólio. A ideia era criar um negócio que pudesse atender todas as dores de tecnologia das companhias.
Em 2005, a Votorantim, que já era sócia da Telefutura, percebeu que possuía meios de tornar realidade no Brasil o modelo de “one stop shop” de tecnologia e fundiu duas empresas de seu portfólio: a Optiglobe e a Proceda, passando a se chamar Tivit. Na sequência, também integrou a Telefutura.
Desde sua criação, a Tivit focou em serviços de tecnologia voltados para infraestrutura, como data centers e serviços gerenciados, sendo uma das pioneiras na implementação de soluções de TI na América Latina.
Ao longo dos anos, a Tivit diversificou seu portfólio e passou por várias transformações significativas. No início, a empresa concentrou-se principalmente em serviços de data center e outsourcing, mas com o avanço das tecnologias emergentes e a digitalização global, a Tivit começou a investir em novas áreas, como cloud computing e cibersegurança.
Em 2010, a empresa teve o controle adquirido pela Apax Partners, um fundo de investimento britânico, por 874 milhões de reais, que impulsionou ainda mais seu crescimento e presença internacional.
Sob a gestão da Apax, a Tivit consolidou sua presença em toda a América Latina, expandindo suas operações para países como México, Argentina, Chile e Colômbia.
Nos últimos anos, a gigante de tecnologia continuou a investir pesadamente em transformação digital e cibersegurança, áreas que registraram um crescimento significativo, especialmente após a pandemia de Covid-19.
A empresa observou um aumento expressivo na demanda por soluções de segurança cibernética, com um crescimento de 90% em 2023, refletindo a crescente preocupação das empresas com ataques cibernéticos e a necessidade de proteção de dados.
A expansão do portfólio é uma das armas da Tivit para crescer. Recentemente, a empresa lançou soluções para gestão de RH e meio ambiente, além de um workflow que digitaliza processos manuais.
“Lançamos ferramentas para automatizar desde matrícula em faculdade até análise de sinistro em seguradora”, diz Freitas.
Outro investimento está na formação da equipe. A companhia registrou 3.623 novas certificações técnicas e contratou 180 novos clientes.
“Estamos presentes em sete das dez maiores empresas do Brasil. Esses clientes só se mantêm líderes se tiverem produtividade e inovação”, afirma o CEO.
Apesar do crescimento, a Tivit precisa enfrentar um gargalo comum no setor: atrair e manter talentos. Segundo Freitas, a empresa deverá crescer cerca de 20% na linha digital, o que implica expandir o time em igual proporção.
“Nenhum talento jovem quer trabalhar numa empresa que não tenha aspirações sociais e ambientais. Isso virou requisito básico”, diz.
Para contornar isso, a Tivit tomou ações como aderir ao Pacto Global da ONU e afirma operar com 100% de energia limpa.
A estratégia de oferecer uma solução integrada — do legado ao digital — vem da pressão que os próprios clientes exercem.
“Eles querem alguém que ajude a tirar o melhor de várias nuvens, mas sem complicar a gestão nem aumentar os custos”, afirma Freitas.
A Tivit aposta que seu modelo de “one stop shop” pode ser a resposta.
“As maiores empresas do Brasil precisam de velocidade e proteção. E é isso que a gente entrega, ao mesmo tempo”, afirma o CEO.